terça-feira, 16 de maio de 2017

Como identificar um psicopata : Cuidado! Ele pode estar mais perto do que você imagina - Karry Daynes, Jessica Fellowes (2012)

Um escorpião e uma rã encontraram-se às margens de um riacho. O escorpião queria atravessar para o outro lado e, então, pediu à rã que o levasse nas costas.
- Mas como saberei que você não vai me picar? - perguntou a rã desconfiada.
- É lógico que não vou fazer isso - respondeu o escorpião. - Se eu pocá-la, também morrerei.
Satisfeita, a rã concordou, e o escorpião subiu em suas costas.
Na metade da travessia, o escorpião deu uma ferroada na rã, condenando ambos à morte.
- Por que você fez isso? - gritou a rã moribunda.
- Porque essa é minha natureza - respondeu o escorpião. (p. 11)

Os cientistas calculam que entre 1% e 3% da população em geral seja psicopata. Portanto, se você tem cem amigos do Facebook, pelo menos um deles pode ser um psicopata (a menos que todas as suas amizades sejam da prisão; nesse caso, a porcentagem sobe para 15%). (p. 14)

A única coisa que os psicopatas têm em comum é uma série de problemas emocionais e comportamentos antissociais capazes de causar um grande estrago em famílias, organizações e comunidades inteiras. Esse é um quadro resistente ao tratamento. Destituídos de qualquer empatia, eles tentam obter aquilo que querem sem se importar com quem atravessa o seu caminho. Com charme, manipulação e muita habilidade, eles seguem em direção a sua carreira, sua casa - e até mesmo seu coração. (p. 15)

Não tenha nenhuma dúvida: se houver um possível psicopata na sua vida, você precisará escapar dele rapidamente. (p. 16)

Conheci alguns dos criminosos psicopatas mais famosos do país. E sei como alguns deles podem ser manipuladores, charmosos e inteligentes. (p. 16)

Como querem causar uma boa impressão, os psicopatas costumam demonstrar uma falsa preocupação com o bem-estar do entrevistador. (p. 17)

Atualmente, o padrão internacional para avaliação e diagnóstico de psicopatia é a escala PCL-R (lista de verificação de psicopatia - Psychopathy Checklist Revised), criada pelo dr. Robert Hare em 1991. Trata-se de um instrumento extensamente pesquisado que mede o grau em que uma pessoa demonstra as vinte qualidades fundamentais de um psicopata. A avaliação por meio da escala PCL-R é complexa e tem de ser feita por um psicólogo devidamente qualificado e altamente treinado. (p. 20)

Na prática, a escala PCL-R agrupa as características que definem um psicopata de acordo com dois fatores amplos: traços de personalidade e estilo de vida desviante. Para ser um psicopata é preciso ter evidências tanto de características de personalidade como de estilo de vida, embora cada pessoa tenha uma combinação diferente. (p. 22)

Os psicopatas são incapazes de qualquer sutileza ou emoção profunda; seus sentimentos geralmente não passam de reações primitivas passageiras às suas vontades e necessidades imediatas. Portanto, eles também não têm capacidade de compreender os sentimentos alheios; são indiferentes aos direitos ou ao bem-estar das outras pessoas, que consideram meros objetos a serem manipulados a seu bel-prazer. o entanto, o psicopata é capaz de ocultar sua natureza fria e predatória por trás de um charme cativante. (p. 22)

Os psicopatas acham que têm o direito de ter tudo o que querem, não importa a que preço, e costumam ter explosões violentas e descontroladas quando são criticados ou frustrados. Assim como o escorpião da fábula, faz parte da natureza deles usar e prejudicar os outros, embora muitas vezes acabem inadvertidamente dando um tiro no próprio pé. Apesar de jamais admitirem, os psicopatas culpam a tudo e a todos - mas nunca a si mesmos - por seus problemas. (p. 22)

Psicopatas e narcisistas podem ser convenientemente considerados primos de primeiro grau. (p. 24)

Há um grupo distinto - às vezes, formado por indivíduos denominados psicopatas "bem-sucedidos" ou "sub-clínicos" - que não trilha o caminho óbvio do crime. Talvez sejam particularmente inteligentes ou cultos, menos fortuitos do que o psicopata típico, talvez tenham desenvolvido habilidades sociais altamente refinadas e conseguido se inserir em um setor da sociedade em que foram aceitos e conquistaram confiança - por exemplo, um advogado, um corretor e valores ou até mesmo um psiquiatra. Outros psicopatas aperam nos limites da lei: sua conduta pode não ser ilegal - não exatamente -, mas é imoral e possivelmente devastadora para aqueles que têm a infelicidade de se envolver com eles. Outros simplesmente ainda não foram apanhados e conseguem, com bastante sagacidade, manipular, intimidar ou aterrorizar a família, os amigos, os colegas e os sócios, fazendo com que se calem diante de sua má conduta. (p. 27)

A American Psychiatric Association [Associação Americana de Psiquiatria] calcula que aproximadamente 3% dos homens e 1% das mulheres na população em geral sejam psicopatas. (p. 30)

Definitivamente, não, psicopatia não tem "cura", e os programas genéricos para tratamento de criminosos não surtem efeito nos psicopatas. (p. 30)

Embora os estudos não identifiquem que os psicopatas tenham alguma lesão cerebral, seu cérebro realmente parece ser diferente do das outras pessoas. Por exemplo, técnicas de neuroimagem revelaram que, quando os psicopatas são solicitados a realizar tarefas que requerem o processamento de palavras carregadas de emoção, as partes do seu cérebro que são ativadas não são as mesmas dos grupos de controle normais. (p. 31)

De vez em quando você ouvirá as pessoas falarem de "sociopatas", além de psicopatas, mas na verdade não existe diferença entre os dois termos: ambos são usados omo sinônimos. Grosso modo, o termo sociopata é mais um americanismo, de modo que um psicopata pode virar sociopata ao cruzar o Atlântico. (p. 31)

Há mais narcisistas no mundo dos negócios do que na população carcerária. (p. 36)

A sedução é apenas outra arma que o psicopata usa para obter poder, e a regra "é proibido relacionamento amoroso entre colegas de trabalho" não será sequer considerada. Ele considera o sexo com seus subordinados uma das vantagens do trabalho. (p. 41)

Os psicopatas não têm ética empresarial - eles não entendem o que quer dizer trabalhar "para o bem da empresa", e você nunca vai ouvi-los dizer que não existe "eu" em equipe. Eles simplesmente acham que lealdade é coisa de "perdedor". (p. 43)

Você já ouviu a expressão "Ele venderia a própria mãe..."? Essa é a atitude do psicopata superambicioso. Ele não sente culpa nem remorso nem vergonha. Se um psicopata parece ser leal a alguém, é só porque ele sabe que essa pessoa poderá ser útil a longo prazo. (p. 63)

Os psicopatas não cedem diante da adversidade. Mas o que parece coragem estoica ou imunidade ao fracasso não passa de incapacidade de aprender com a punição e, consequentemente, modificar seu comportamento. (p. 64)

Ao que parece, muitas das qualidades apreciadas em um empreendedor de sucesso são extraordinariamente semelhantes a muitas das características de um psicopata: autoconfiança delirante, autoritarismo arrogante, busca implacável por dinheiro, capacidade de vender a própria mãe e absoluta despreocupação em relação ao fracasso. (p. 72)

Para escolher seu alvo, os psicopatas têm um truque na manga. Eles são grandes mímicos e, às vezes, imitam o jeito de falar (ritmo da fala, uso específico de alguns termos, etc.) e os gestos de uma pessoa. Isso por si só já cria um clima favorável: somos inconscientemente levados a nos sentir mais à vontade e a gostar de alguém que pareça estar em "sintonia" conosco. (p. 79)

Todos os relacionamentos dos psicopatas estão ligados à exploração - eles sempre usam outra pessoa para realizar seus desejos. (p. 80)

Os psicopatas fazem mais gestos casuais com as mãos (conhecidos como "batidas") do que os que não são psicopatas, particularmente quando falam de assuntos sentimentais ou interpessoais, como descrições de relações familiares e do início da vida familiar. Os psicólogos acreditam que isso seja um sinal do grande esforço cognitivo que eles precisam fazer para discutir sentimentos e conceitos que, para eles, são abstratos. (Pense no movimento que você faz com as mãos quando está tentando se lembrar de uma palavra.) Psicopatas criminosos fazem menos gestos com as mãos quando falam sobre os crimes que cometeram, uma vez que conhecem bem essa situação, que tem mais significado para eles. (p. 83)

Os psicopatas não têm sentimentos relativos a laços familiares, sejam deles ou de outras pessoas. Para eles, seus pretensos amigos mais próximos e queridos nada mais são do que recursos adicionais a serem sugados. (p. 85)

Sem nenhuma consideração pelos planos alheios e sem pesar as consequências, o psicopata só faz o que quer e quando quer. (p. 85)

Os psicopatas normalmente são descritos como alguém que tem "o dom da palavra", mas é o seu jeito de falar que atrai a nossa atenção, e não o seu uso eloquente das palavras. Na verdade, os especialistas observaram que a linguagem usada pelo psicopata tem características peculiares e desajeitadas que podem passar despercebidas ao ouvinte mais desavisado. (p. 87)

Os psicopatas parecem juntar as palavras de forma estranha - cometem lapsos linguísticos ou malapropismos. (p. 87)

Hare diz que é "como se os psicopatas tivessem dificuldade de controlar a própria fala", permitindo, assim, fluxos complicados e mal organizados de palavras e pensamentos. (p. 87)

Pode ser que o estilo idiossincrático do psicopata seja produto de um cérebro atipicamente "lateralizado". Na maioria das pessoas, o hemisfério esquerdo do cérebro tem o controle primário sobre a maneira como as palavras são usadas e compreendidas. Mas há indícios de que, nos psicopatas, os centros de linguagem sejam bilaterais - quer dizer: estão localizados em ambos os hemisférios. Isso significa que as informações verbais têm de passar pelos dois hemisférios e podem, portanto, tornar-se mais facilmente desordenadas. (p. 88)

A psicóloga Debra Oswald, Ph.D. pela Marquette University, em Milwaukee, Estados Unidos, diz que os laços de amizade precisam de quatro pilares para se manter: confidência e apoio constantes (ambos necessários para criar intimidade), interação (telefonemas, e-mails ou visita aos amigos) e positividade (uma amizade gratificante nos motiva a mantê-la viva). Para acabar com uma amizade prejudicial é preciso deixar de fazer essas quatro coisas. Um psicopata terá dificuldade de seduzi-lo se você não lhe der informações íntimas, não lhe telefonar e não apoiar seus planos ou desejos. (p. 93)

O olhar fixo e penetrante de um psicopata pode ser muito sedutor. Até mesmo um encontro casual e descompromissado com um psicopata pode ser difícil: eles têm tendência para expressar rapidamente emoções profundas - e se você estiver procurando alguém para amar, essa pode ser a isca perfeita para fisgar você. (p. 94)

Com o aumento crescente do número de encontros marcados pela Internet nos últimos anos, nunca foi tão importante ficar atento em relação à pessoa com quem exatamente estamos planejando dividir uma garrafa de vinho. Um psicopata pode esconder facilmente sua verdadeira personalidade por trás de uma tela de computador. Mentirosos prolíficos, eles dizem exatamente aquilo que você quer ouvir para obter aquilo que querem. (p. 95)

Se for usar um site de namoro, use um que seja conhecido, que os membros precisem pagar para se inscrever; ele protegerá seus dados pessoais e terá medidas contra uso inapropriado. Veja se você pode "bloquear" pessoas quando não quiser saber delas.
Observe as regras usuais de segurança - marque encontro em um local público, informe a uma amiga para onde você está indo, tome as providências necessárias para ir e voltar sozinha, leve o celular carregado, não fique bêbada nem tire os olhos do seu copo de bebida.
Desconfie de uma pessoa que sofre de Síndrome de Excesso de Informação, principalmente se ela lhe contar uma história de arrancar lágrimas ou histórias implausíveis sobre seu heroísmo. (p. 113)

Existem duas fases no desenvolvimento emocional da criança em que se espera que "traços de psicopatia" apareçam, pelo menos até certo ponto. De 2 a 3 anos de idade, as crianças estão começando a desenvolver suas habilidades mentais de raciocínio, mas ainda são muito egocêntricas e não conseguem distinguir direito a fantasia da realidade. (p. 117)

A segunda fase de "psicopatia do desenvolvimento" é a adolescência. Os psicólogos evolucionistas descrevem esse período como um período de "tempestade e stress". É um momento em que os hormônios, o corpo em transformação e o aumento dos níveis de responsabilidade conspiram para transformar crianças, que antes eram umas gracinhas, em diabinhos beligerantes, rabugentos e inflexíveis. (p. 117)

Os neurocientistas acreditam que, assim como o cérebro das crianças é "moldado" nos primeiros anos de vida, durante a adolescência também ocorrem algumas reestruturações fundamentais.
Os lobos frontais e parietais, especificamente relacionados com autocontrole, apresentam um crescimento repentino entre 10 e 12 anos. A esse crescimento segue-se uma drástica redução das conexões sinápticas durante a adolescência. (p. 118)

A opinião de Hare é que "a psicopatia é resultado de uma complexa - e mal compreendida - interação entre fatores biológicos e forças sociais". (p. 119)

Os psicopatas são criaturas que busca, estímulos, e o abuso de drogas é comum em psicopatas adolescentes, pois essa é uma forma barata e acessível de atender às suas necessidades de estimulação. (p. 124)

Os sinais mais preocupantes que poderiam indicar um comportamento psicopata são: roubas coisas de outras crianças e dos pais; praticar atos de vandalismo; provocar incêndio; ferir ou matar animais; praticar bullying; ter experiência sexual precoce e extrema, principalmente envolvendo coação de outras crianças; ausentar-se de casa e matar aulas sem dar explicação; não responder a repreensões e castigos. Lembre-se de que os psicopatas exibem um conjunto de comportamentos, portanto, não entre em pânico com um ou dois incidentes isolados. (p. 132)

Estudos mostram uma elevada "comorbidade" entre tendências psicopatas e Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), ou seja, eles frequentemente ocorrem juntos. Além disso, o TDAH pode ser encontrado em até 75% dos casos de crianças psicopatas. (p. 133)

Não há nenhuma ligação conclusiva entre videogames violentos e violência grave em crianças ou adultos, mas é possível que eles aumentem o nosso "limiar de violência" ao nos tornar insensíveis a atos extremos e nos recompensar por eles - afinal, esses jogos recompensam atos como assassinato. (p. 135)

O comportamento violento se desenvolve progressivamente, por isso, cabe aos adultos próximos à criança monitorar sinais observáveis no processo evolutivo da agressão. (p. 138)

Destituídos de qualquer sentimento de empatia, os pais psicopatas costumam cuidar dos filhos de forma mecânica. É como se os filhos fossem bonecos; eles são incapazes de compreender as necessidades do bebê e, portanto, ignoram seu choro ou sua fralda suja. A criança pode até mesmo ser vista como uma mera mercadoria. (p. 151)

De acordo com inúmeros estudos e pesquisas, particularmente aqueles que envolvem tomografias cerebrais, existem fortes indícios de que a psicopatia seja uma condição genética. No mínimo, existe uma predisposição genética que pode conduzir determinada pessoa ao ambiente certo (ou melhor, errado) para o desenvolvimento de psicopatia. (p. 159)

Especialistas em psicologia evolutiva propuseram a teoria de que a psicopatia é uma estratégia reprodutiva viável. Harris e Rice ressaltaram que muitas características do psicopata - busca de sensações e propensão à violência - teriam sico úteis para impressionar o sexo oposto na época dos homens da caverna e poderiam, portanto, ser uma forma de a Mãe Natureza garantir a geração seguinte.
Os psicopatas geralmente são promíscuos e infiéis; para Hate, provavelmente a consequência desse comportamento é o fato de os psicopatas - tanto do sexo masculino como do feminino - terem muitos e muitos filhos, embora seja pouco provável que cuidem muito bem deles (se realmente participarem da vida deles). (p. 165)

O argumento contra essa teoria é que a propensão dos psicopatas a correr riscos não se encaixa nesse perfil; não é fácil passar adiante seus genes quando você está constantemente arriscando sua vida, como fazem muitos psicopatas (consumindo drogas, dirigindo em alta velocidade, etc.). (p. 166)

Lembre-se de que alguém que o maltrata não merece fazer parte da sua vida, mesmo que sejam seus pais. Não se sinta na obrigação de lhes dar dinheiro ou um lugar na sua casa. Se você já tem sua própria família, faça dela a sua prioridade. (p. 167)

O que confunde é que os psicopatas conseguem tapear muito bem suas vítimas se fazendo de carinhosos. Quando são inteligentes, eles aprendem os comportamentos sociais certos para enganar a maioria das pessoas a maior parte do tempo. Quando um psicopata quer desviar sua atenção de algo que revele sua verdadeira natureza, ele diz que ama você. mas é óbvio que ele não sente amor. (p. 173)

Os psicopatas frequentemente adotam um estilo de romance do tipo "água com açúcar" - chocolates, flores, poesia. (p. 174)

Nos casos mais graves, o psicopata pode manipular sua parceira reagindo às suas queixas com maus-tratos a alguém ou algo que signifique muito para ela - classicamente, animais de estimação ou crianças. (p. 175)

Pornografia, prostituição ou, mais comumente, lenocínio é comum entre psicopatas. (p. 177)

Compromisso não é um conceito que os psicopatas entendam, mas eles têm consciência de todas as vantagens financeiras, além de outras, que viver com um parceiro pode trazer. (p. 179)

Em alguns estudos, crianças e adultos que exibiam tendências psicopatas foram solicitados a ouvir uma gravação de vozes e a descrever a emoção contida nessas vozes, mas tiveram dificuldade em fazê-lo. Um resultado semelhante foi observado num estudo em que psicopatas foram solicitados a identificar a emoção expressa no rosto de outras pessoas e eles se mostraram insensíveis a sentimentos de medo, aversão e tristeza. Os pesquisadores descobriram também que, diante de um rosto com expressão neutra e que lentamente se transformava em expressão de medo, os psicopatas levaram um tempo significativamente maior para identificar a emoção do que os não psicopatas. Eles precisaram de 75% da expressão para poder detectar o medo, e os que não eram psicopatas precisaram de 65% da expressão. (p. 186)

Assim como em qualquer outra área de manipulação ou fraude, um psicopata em busca de uma parceira escolhe sua vítima com cuidado. Ele escolhe uma mulher solitária e vulnerável, ou muito bem-sucedida, que possa lhe dar o status que deseja. Hábil manipulador, ele usa uma série de recompensas e ameaças para conseguir exatamente o que quer de sua vítima. Finalmente, quando consegue, ele a abandona, deixando-a perplexa e confusa. Em geral, ele volta várias vezes. O relacionamento com um psicopata pode ser verdadeiramente devastador. Mas entendo que a dinâmica dessa relação pode causar uma grande dependência ("ele me ama... ele não me ama... ele me ama..."). (p. 192)

Tenha autoconfiança: fale em tom calmo e baixo, mas com voz firme. Mantenha a cabeça erguida, diga o que precisa dizer e, em seguida, simplesmente desligue-se da situação - saia da sala, leve o cachorro para passear, vá fazer compras. Não perca seu tempo. Quanto mais você levar isso adiante e andar em círculos, mais desorientada se tornará e maior será a probabilidade de ser enrolada por ele. Se você não fraquejar, é bastante provável que ele lhe faça o grande favor de ir embora. (p. 194)

Antes do início das filmagens, Tony tem uma reunião com o diretor, os editores e os cinegrafistas para discutir o roteiro. Esse pode ser um reality show, mas Tony esclarece que não vai deixar nada ao acaso. Cada participante desempenhará um "personagem", e o diretor vai providenciar para que eles sejam retratados dessa maneira. (O diretor está um pouco inseguro em relação a essa abordagem, mas é seu primeiro trabalho importante para a emissora - e ele não vai dizer não para nenhuma das sugestões de Tony). Tem uma periguete, uma vampe, uma ingênua, uma profissional de carreira, e assim por diante. Na verdade, Tony não conheceu nenhum dos participantes pessoalmente, mas assistiu às gravações dos testes. Além disso, ele sabe que poderá manipulá-los e fazer cortes sem grandes problemas para obter o que quer. (p. 203)

Os chiliques e as explosões temperamentais de Tony são características dos psicopatas. (p. 205)

Os pesquisadores concluíram que o comportamento dos agentes penitenciários e dos detentos foi causado pela situação, e não por um traço de sua personalidade. Isso indica que até mesmo as pessoas mais afáveis podiam se transformar em agentes penitenciários sádicos, dependendo das circunstâncias. (p. 208)

Os dados estatísticos apresentados a seguir foram selecionados pelo site www.pinkstinks.co.uk como parte da sua campanha de combate à obsessão da mídia por mulheres ricas, famosas e magras e, consequentemente, apresentadas à geração mais nova como modelos de comportamento:
- Trinta e cinco por cento das meninas elegeram Vistoria Beckham como a celebridade de maior influência, seguida por Leona Lewis, em 32%, e Kate Moss e Amy Winehouse em terceiro e quarto lugares.
- Trinta e sete por cento dos professores disseram que os alunos queriam ser famosos apenas para serem famosos.
- Mais de 70% dos professores achavam que a cultura da celebridade está pervertendo as aspirações e expectativas das crianças e produzindo uma geração que não acredita que seja preciso estudar e trabalhar com afinco para obter sucesso financeiro.
- Quarenta e quatro por cento disse que os alunos tentavam imitar o visual e o comportamento de seus ídolos, sendo que 32% se miravam em Paris Hilton. (p. 211)

A melhor maneira de se defender de um psicopata é analisando constantemente os próprios valores: se alguém estiver tentando convencer você a se desviar de seus princípios ou até mesmo a transgredi-los, então ele não é a pessoa certa para fazer parte da sua vida. (p. 214)

A boa-nova é que, por definição, se você acha que é psicopata, é praticamente certo que não seja. No entanto, há momentos na vida de todos nós em que somos levados a ter um comportamento psicopata, a nos tornar o que chamamos de "psicopata situacional". (p. 215)

Mas para ser um psicopata de verdade é preciso ter traços psicopáticos permanentes que se manifestem em todas as ocasiões e em todos os contextos. O comportamento psicopata não é desencadeado por um acontecimento em particular, e os psicopatas não ficam pesarosos nem envergonhados pelos atos que praticaram. (p. 215)

A palavra psicopata virou chavão para qualquer comportamento agressivo ou bizarro que não compreendemos. Quem entre nós nunca comentou sobre um "chefe psicopata" ou um "ex que era psicopata"? (p. 218)

Mas como é ser um psicopata de verdade? Será que eles se importam de ser chamados assim? Conheci alguns que estavam muito felizes com o rótulo, orgulhosos por serem, de certa maneira, um tanto "especiais". (p. 218)

A boa notícia para todos os que convivem com psicopatas é que as condutas mais contraventoras e agressivas deles tendem a diminuir por volta dos 40 anos de idade. A boa notícia para eles é que, embora não sejam o que poderíamos chamar de criaturas felizes, eles não costumam sofrer de ansiedade nem de depressão. (p. 219)

Os psicopatas não fazem nenhuma ligação entre os próprios atos e suas consequências; eles não têm a menor capacidade de assumir responsabilidades. Mais do que isso, tudo de ruim que lhes acontece é visto como "má sorte". Os psicopatas, portanto, muitas vezes sentem-se desgostosos consigo mesmos. (p. 221)

A manipulação é a arte de sobrevivência dos psicopatas; portanto, não admira nem um pouco que eles sejam bastante talentosos nessa arte. (p. 223)

Tanto o autismo como a psicopatia foram associados a anormalidades no funcionamento do corpo amigdaloide, ou amígdala. Corpo amigdaloide é uma estrutura em forma de amêndoa, com cerca de 2,5 centímetros de comprimento, localizada no lobo temporal, próximo a cada orelha. Apesar de pequena, é "importantíssima na regulação das emoções e nos comportamentos regulados pelas emoções". Algumas de suas funções são ajudar a aprender com as consequências dos próprios ato e a reconhecer expressões faciais. Mas, embora a mesma área do cérebro seja afetada tanto nos autistas como nos psicopatas, o tipo de comprometimento parece ser muito diferente. (p. 225)

Hervey Cluckley notou "ausência de nervosismo" nos psicopatas que ele estudou. De modo geral, os psicopatas têm níveis reduzidos de ansiedade, sobretudo aqueles que apresentam mais traços de personalidade psicopática - o tipo que está sendo bastante analisado neste livro - do que características de estilo de vida. (p. 226)

Os psicopatas têm uma probabilidade muito maior de preencher os critérios diagnósticos de dependência de álcool e drogas (principalmente no caso de uso de vários tipos de drogas). (p. 226)

Se você leu este livro e ficou preocupado com a possibilidade de ser psicopata, a boa notícia é que provavelmente você não é. Um verdadeiro psicopata certamente não se reconheceria assim - pois ele não se consideram "maus", e, mesmo que se considerassem, não ficariam preocupados com isso. (p. 231)

Se você for um psicopata, talvez tenha a sorte de ter obtido sucesso na vida. Sem um ponto de referência moral, você será impiedoso na sua busca por recompensa e prazer. O psicopata tem menos tendência a ter depressão e a sentir ansiedade e certamente não se preocupa com o sentimento dos outros. Isso garante uma existência comparativamente livre de stress. O único consolo para as outras pessoas é que eles começam a "amolecer" um pouquinho na meia-idade.
Por outro lado, o psicopata tem uma vida pouco estável e, por causa das constantes brigas e rixas com as pessoas que convivem com ele, pode sentir-se "azarado" e perseguido. Os psicopatas também sabotam a si próprios, e qualquer equilíbrio alcançado será rapidamente rompido. Incapaz de se adaptar às normas sociais, um psicopata razoavelmente perceptivo pode se sentir "diferente" e injustamente colocado de lado pelos que o rodeiam. Embora você possa invejar um psicopata bem-sucedido por, digamos, sua grande determinação de obter sucesso financeiro, talvez sirva de consolo saber que ele jamais sentirá uma felicidade plena, mesmo que esteja coberto de ouro. (p. 232)

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