É necessário levar em conta que a doença é a "solução" que o doente encontrou, e que seu desaparecimento, por si só, restabelece um problema. (p. 40)
A história das diferentes crises ou situações dramáticas que formam parte da biografia, e sua coincidência temporal com determinadas doenças ou acidentes, nos ajuda a compreender, através da linguagem dos órgãos, seu significado inconsciente. (p. 44, grifos do autor)
Hoje, costuma-se confundir o significado com a informação, o valor com o custo, a experiência de comunicação com os meios que se utilizam para consegui-la, a amabilidade com as relações públicas, a generosidade com a promoção, a ética com a diplomacia, a política com a luta pelo poder, a tolerância com a astúcia, a resignação com o fracasso e a transparência com a ambição. Por que acontece isso? Creio que, mesmo que pareça estranho numa época em que a quantidade de jornais, livros, informações e discursos é abundante, carecemos de um número suficiente de palavras adequadas, autenticamente carregadas de sentido. (p. 72)
Entre as teorias que surgem da investigação no terreno denominado psiquismo, não encontramos outra finalidade que nos permita explicar as características que diferenciam o câncer de qualquer outra enfermidade somática. Ou seja, um crescimento celular ilimitado e invasor, que não se atém ao plano dos órgãos e tecidos diferenciados que constituem um indivíduo pluricelular hierarquicamente no qual o câncer aparece.
As observações realizadas consolidaram progressivamente a convicção que nos desperta esta teoria e nos permitiu encontrar repetidamente, no momento da vida dos pacientes em que a doença cancerosa se desencadeia, um tipo particular de fracasso. Trata-se, como dissemos antes, de um fracasso constituído pela perda da satisfação dos desejos inconscientes correspondentes a um vínculo incestuoso, detrás do qual se oculta uma excitação hermafrodita, satisfação até então obtida, mas não dos objetos consanguíneos. É raro que esse tipo de fracasso esteja ausente entre os pacientes de câncer; no entanto, dita ausência não é incompatível com a teoria que propomos. (pg. 122-123)
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