EMOÇÃO
Emoção
é
parte central do funcionamento bio-psicológico do homem e é
necessária, assim como a razão, nas tomadas de decisão, nos
processos cognitivos (percepção da realidade) e nos processos
comunicativos, de forma a definir e ajustar as respostas do indivíduo
ao ambiente em que se insere. Emoções são respostas psicológicas
de todo o organismo envolvendo a interação entre excitação
fisiológica, comportamento expressivo e
experiência consciente.
Três
teorias apoiam diferentes combinações dessas respostas:
Teoria de James-Lange - defende que, diante de uma experiência estimulante, primeiro vem a reposta fisiológica e depois, como consequência dessa resposta, a emoção.
-
Teoria de Cannon-Bard – propõe que nosso corpo responde às emoções ao mesmo tempo que as experimentamos, ou seja, uma coisa não causa a outra. Nossa resposta fisiológica e a emoção vivenciada são duas coisas independentes.
-
Teoria dos dois fatores – afirma que para se experimentar uma emoção é preciso estar fisicamente desperto (excitação física) e dar significado a excitação (rótulo cognitivo).
É
o Sistema
Nervoso Autônomo (SNA) que
mobiliza o corpo para a ação e o acalma quando passa a crise.
A
divisão
simpática do
SNA induz as glândulas suprarrenais a liberarem os hormônios do
estresse, a epinefrina (adrenalina) e a norepinefrina
(noradrenalina). Influenciado por esse surto hormonal, o fígado
despeja mais açúcar na corrente sanguínea, a respiração se
acelera, os batimentos cardíacos e a pressão sanguínea aumentam, a
digestão torna-se mais lenta, o açúcar se concentra nos músculos,
as pupilas se dilatam, e a transpiração aumenta.
A
divisão
parassimpática do
SNA assume o controle ao passar a crise, acalmando o corpo. Os
centros neurais parassimpáticos inibem a liberação de mais
hormônios do estresse, mas aqueles que já foram liberados na
corrente sanguínea permanecem ativos por um tempo, fazendo com que a
excitação diminua lentamente.
As
emoções podem ser igualmente excitantes, mas existem algumas
respostas fisiológicas que as distinguem. As secreções hormonais
que acompanham o medo podem ser diferentes das que acompanham a
raiva, e embora o medo e a alegria possam determinar um aumento na
frequência cardíaca, eles estimulam músculos faciais diferentes.
Tomografias do cérebro e eletroencefalogramas mostram que as emoções
também ativam diferentes áreas do córtex cerebral.
Um
estado resultante de uma provocação pode ser vivenciado como uma
emoção ou outra, dependendo da forma como a interpretamos e
rotulamos. Pessoas sexualmente excitadas reagem com mais hostilidade
em situações que provocam raiva. Em contrapartida, a excitação
que persiste após uma discussão acalorada pode intensificar a
paixão sexual. Exatamente como a teoria dos dois fatores prevê:
excitação + rotulação = emoção. Vale lembrar: a excitação
alimenta a emoção e a cognição a canaliza.
Comportamento
não verbal
O
comportamento das pessoas revela sua emoção. Podemos decifrar essas
emoções lendo seus corpos, ouvindo seu tom de voz, e estudando seus
rostos. Boa parte de nossa comunicação ocorre através da linguagem
não verbal. A maioria de nós costuma ser capaz de ler os sinais não
verbais e decifrar as emoções em um filme mudo.
A
maioria dos gestos são determinados culturalmente. Porém existem
algumas expressões faciais observadas no mundo todo, inclusive em
tribos isoladas. Aceita-se que a utilização e o reconhecimento das
sete emoções
primárias universais seja
herdado geneticamente e não socialmente condicionado ou aprendido.
Essas emoções são: nojo, desprezo, alegria, raiva, espanto, medo e
tristeza.
As
expressões fazem mais do que comunicar nossas emoções. Elas também
amplificam a emoção que sentimos e sinalizam ao corpo para que
responda de acordo. Ativar apenas um dos músculos envolvidos no
sorriso, ao segurar uma caneta entre os dentes, é o suficiente para
fazer com que algo pareça mais engraçado. Então, não só a emoção
leva à expressão, como também, a expressão induz um estado
emocional.
A
linguagem não verbal pode mandar uma mensagem que a pessoa esteja
querendo esconder, mas é preciso tomar cuidado ao tentar interpretar
essa mensagem: coçar o nariz pode significar falta de sinceridade,
mas também pode ser que o interlocutor sofra de rinite alérgica.
Alguns
comportamentos, atitudes e gestos e seus significados dentro da
linguagem não verbal:
-
Mãos na cintura: agressividade, arrogância.
-
Fechar o polegar na palma da mão: medo, insegurança.
-
Abraçar ou acariciar o próprio corpo: ato de acalmar-se ou fechar-se para se sentir seguro.
-
Cobrir a boca ao falar: insegurança sobre o que está falando.
-
Mão sobre o coração: sinceridade.
-
Mostrar as palmas das mãos: estou me abrindo e sendo sincero.
-
Pés virados para a porta: desejo de sair.
-
Sentar-se de frente ao interlocutor: estou aberto a sua mensagem.
Emoções
experienciadas
A
amígdala tem um papel fundamental na associação de várias
emoções, incluindo o medo a certas situações. Se a amígdala for
desativada por uma droga que bloqueia a formação de novas conexões
neurais, desaparecem as reações de medo.
Algumas
pessoas apresentam medos intensos de coisas específicas, são as
chamadas fobias. Outras, os heróis corajosos e os criminosos
implacáveis, são menos assustadas do que a maioria de nós. A
experiência ajuda a moldar o medo ou a falta dele, mas nossos genes
também são importantes. Cientistas conseguiram isolar um gene que
influencia a resposta da amígdala à situações assustadoras.
Pessoas com uma versão curta desse gene têm quantidade menor de uma
proteína que acelera a recaptação do neurotransmissor serotonina.
Com mais serotonina disponível para ativar os neurônios da
amígdala, essas pessoas apresentam uma resposta mais intensa das
amígdalas a imagens assustadoras.
A
raiva,
em
geral, é provocada por eventos que não são apenas frustrantes ou
ofensivos, mas também interpretados como deliberados,
injustificados e evitáveis.
Liberar
a pressão através de catarse pode ser temporariamente calmante,
mas, a longo prazo, não reduz a raiva. Quando a raiva alimenta atos
físicos ou verbalmente agressivos, que mais tarde lamentamos, ela se
torna mal-adaptativa. As explosões de raiva que, temporariamente,
nos acalmam, são perigosas pois podem estar agindo como reforço
e criando um hábito.
O
encorajamento para liberar a raiva é típico de culturas
individualistas, mas será mais difícil de ser ouvido em culturas
mais centradas no grupo. No Japão, por exemplo, desde a infância,
expressões de raiva são muito mais raras que nas culturas
ocidentais.
Segundo
especialistas, o melhor meio de se lidar com a raiva é esperando que
os níveis de excitação fisiológica diminuam, ou acalmando-se de
outras maneiras, como exercitando-se, tocando um instrumento ou
conversando com um amigo.
A
felicidade
não é somente sentir-se bem, é fazer o bem. Pessoas felizes
percebem o mundo como mais seguro, sentem-se mais confiantes, tomam
decisões com mais facilidade, crescem no emprego mais rapidamente,
são mais cooperativas e tolerantes, vivem de forma mais saudável e
energizada, e estão mais satisfeitas com suas vidas.
Um
bom ânimo amplia a percepção que as pessoas têm do mundo e sua
disposição para ajudar os outros. O “fenômeno
do sentir-se bem, fazer o bem” é
a tendência da pessoa a ser prestativa quando está de bom humor.
Porém,
o humor resultante dos eventos favoráveis ou desfavoráveis do dia
dificilmente estende-se pelo dia inteiro. Mesmo eventos positivos
significativos, como um aumento substancial de salário, dificilmente
têm um efeito duradouro sobre a felicidade.
O
fenômeno
do nível de adaptação descreve
nossa tendência a julgar diversos estímulos em relação àqueles
que já experimentamos anteriormente. Assim, se nossa condição
atual melhora, sentimos uma onda inicial de prazer. Nós, então, nos
adaptamos a esse novo nível de vida, passamos a considerá-lo
normal, exigindo algo novo para outra onda de felicidade.
Privação
relativa é
a sensação de que somos piores do que aqueles com quem nos
comparamos. Basta nos compararmos com pessoas que estejam melhores do
que nós, para a inveja surgir. De modo semelhante, ao nos
compararmos com pessoas que estejam piores do que nós, sentimo-nos
melhor.
As
emoções combinam a atividade fisiológica, comportamentos
expressivos, pensamentos conscientes e sentimentos. Medo, raiva,
felicidade e vários outros sentimentos têm isso em comum: são
fenômenos
biopsicossociais.
Nossas predisposições genéticas, atividade cerebral, perspectivas,
experiências, relacionamentos e culturas, em conjunto, fazem de nós
o que somos.
Estresse
e Saúde
Estresse
é
o processo pelo qual percebemos e respondemos a certos eventos,
chamados estressores,
que julgamos ameaçadores ou desafiadores. Ele não é apenas um
estímulo ou uma resposta, mas o processo pelo qual avaliamos e
lidamos com as ameaças e desafios do ambiente que nos cerca. Então,
o
estresse não surge dos eventos em si, mas da forma como os avaliamos
e lidamos com eles.
Quando
de curta duração ou percebidos como desafios, os estressores podem
ter efeitos positivos. Porém, quando profundo e prolongado, o
estresse pode causar danos.
As pesquisas modernas sobre o
estresse avaliam as consequências para a saúde de eventos
catastróficos, mudanças significativas de vida e dificuldades
quotidianas. Os eventos que tendem a provocar a resposta do estresse
são os que percebemos como negativos e incontroláveis.
O estresse, ainda, desvia a
energia do sistema imunológico, inibindo as atividades dos
linfócitos B e T, e células exterminadoras naturais NK (natural
killers).
Apesar de não causar doenças como AIDS e câncer, ele pode
interferir na sua progressão.
Promovendo
a saúde
Os
estressores são inevitáveis. Esse fato, combinado com a conhecida
correlação de estresse persistente e doenças cardíacas, depressão
e baixa imunidade, nos envia uma mensagem clara: precisamos aprender
a enfrentar o estresse.
As
estratégias
de enfrentamento focadas no problema
aliviam o estresse diretamente. Por exemplo, se nossa impaciência
nos leva a uma briga familiar, podemos nos dirigir diretamente àquele
membro da família para conversar sobre o assunto.
As
estratégias
de enfrentamento focadas na emoção
procuram aliviar o estresse atendendo às necessidades emocionais,
como ir em busca de amigos para que nos ajudem a lidar com uma
situação estressante.
Possuir
um senso de controle, desenvolver um pensamento otimista de olhar a
vida e construir nossa base de apoio social, pode ajudar-nos a
experienciar menos estresse e, assim, melhorar nossa saúde.
Mas
algumas vezes não temos como aliviar o estresse e, simplesmente,
precisamos administrá-lo. Exercício aeróbico,
biofeedback,
relaxamento, medita-ção e espiritualidade podem nos ajudar a nos
fortalecermos internamente e a amenizar os efeitos do estres-se.
Aprender a desacelerar e relaxar também ajuda a baixar as taxas de
recorrência de ataques cardíacos.
Pessoas
otimistas parecem enfrentar melhor o estresse e gozar de melhor
saúde.
MYERS,
D.; Psicologia. Rio de Janeiro:LTC, 2012. Cap. 12
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