quarta-feira, 5 de outubro de 2016

PPB Aula 5 Emoção

EMOÇÃO

Emoção é parte central do funcionamento bio-psicológico do homem e é necessária, assim como a razão, nas tomadas de decisão, nos processos cognitivos (percepção da realidade) e nos processos comunicativos, de forma a definir e ajustar as respostas do indivíduo ao ambiente em que se insere. Emoções são respostas psicológicas de todo o organismo envolvendo a interação entre excitação fisiológica, comportamento expressivo e experiência consciente.
Três teorias apoiam diferentes combinações dessas respostas:
  •  Teoria de James-Lange - defende que, diante de uma experiência estimulante, primeiro vem a reposta fisiológica e depois, como consequência dessa resposta, a emoção.
  • Teoria de Cannon-Bard – propõe que nosso corpo responde às emoções ao mesmo tempo que as experimentamos, ou seja, uma coisa não causa a outra. Nossa resposta fisiológica e a emoção vivenciada são duas coisas independentes.
  • Teoria dos dois fatores – afirma que para se experimentar uma emoção é preciso estar fisicamente desperto (excitação física) e dar significado a excitação (rótulo cognitivo).



É o Sistema Nervoso Autônomo (SNA) que mobiliza o corpo para a ação e o acalma quando passa a crise.
A divisão simpática do SNA induz as glândulas suprarrenais a liberarem os hormônios do estresse, a epinefrina (adrenalina) e a norepinefrina (noradrenalina). Influenciado por esse surto hormonal, o fígado despeja mais açúcar na corrente sanguínea, a respiração se acelera, os batimentos cardíacos e a pressão sanguínea aumentam, a digestão torna-se mais lenta, o açúcar se concentra nos músculos, as pupilas se dilatam, e a transpiração aumenta.
A divisão parassimpática do SNA assume o controle ao passar a crise, acalmando o corpo. Os centros neurais parassimpáticos inibem a liberação de mais hormônios do estresse, mas aqueles que já foram liberados na corrente sanguínea permanecem ativos por um tempo, fazendo com que a excitação diminua lentamente.
Nosso desempenho em uma tarefa, normalmente, é melhor quando a excitação é moderada.
As emoções podem ser igualmente excitantes, mas existem algumas respostas fisiológicas que as distinguem. As secreções hormonais que acompanham o medo podem ser diferentes das que acompanham a raiva, e embora o medo e a alegria possam determinar um aumento na frequência cardíaca, eles estimulam músculos faciais diferentes. Tomografias do cérebro e eletroencefalogramas mostram que as emoções também ativam diferentes áreas do córtex cerebral.
Um estado resultante de uma provocação pode ser vivenciado como uma emoção ou outra, dependendo da forma como a interpretamos e rotulamos. Pessoas sexualmente excitadas reagem com mais hostilidade em situações que provocam raiva. Em contrapartida, a excitação que persiste após uma discussão acalorada pode intensificar a paixão sexual. Exatamente como a teoria dos dois fatores prevê: excitação + rotulação = emoção. Vale lembrar: a excitação alimenta a emoção e a cognição a canaliza.



Comportamento não verbal

O comportamento das pessoas revela sua emoção. Podemos decifrar essas emoções lendo seus corpos, ouvindo seu tom de voz, e estudando seus rostos. Boa parte de nossa comunicação ocorre através da linguagem não verbal. A maioria de nós costuma ser capaz de ler os sinais não verbais e decifrar as emoções em um filme mudo.
A maioria dos gestos são determinados culturalmente. Porém existem algumas expressões faciais observadas no mundo todo, inclusive em tribos isoladas. Aceita-se que a utilização e o reconhecimento das sete emoções primárias universais seja herdado geneticamente e não socialmente condicionado ou aprendido. Essas emoções são: nojo, desprezo, alegria, raiva, espanto, medo e tristeza.

As expressões fazem mais do que comunicar nossas emoções. Elas também amplificam a emoção que sentimos e sinalizam ao corpo para que responda de acordo. Ativar apenas um dos músculos envolvidos no sorriso, ao segurar uma caneta entre os dentes, é o suficiente para fazer com que algo pareça mais engraçado. Então, não só a emoção leva à expressão, como também, a expressão induz um estado emocional.
A linguagem não verbal pode mandar uma mensagem que a pessoa esteja querendo esconder, mas é preciso tomar cuidado ao tentar interpretar essa mensagem: coçar o nariz pode significar falta de sinceridade, mas também pode ser que o interlocutor sofra de rinite alérgica.
Alguns comportamentos, atitudes e gestos e seus significados dentro da linguagem não verbal:
  • Mãos na cintura: agressividade, arrogância.
  • Fechar o polegar na palma da mão: medo, insegurança.
  • Abraçar ou acariciar o próprio corpo: ato de acalmar-se ou fechar-se para se sentir seguro.
  • Cobrir a boca ao falar: insegurança sobre o que está falando.
  • Mão sobre o coração: sinceridade.
  • Mostrar as palmas das mãos: estou me abrindo e sendo sincero.
  • Pés virados para a porta: desejo de sair.
  • Sentar-se de frente ao interlocutor: estou aberto a sua mensagem.
  
Emoções experienciadas

O medo tem valor adaptativo, pois trata-se de um sistema de alarme que nos ajuda a evitar as ameaças e, quando necessário, a enfrentá-las. Somos predispostos a aprender alguns medos mais rapidamente do que outros. Nós, humanos, aprendemos rapidamente a temer insetos e penhascos, medos que, provavelmente, ajudaram nossos ancestrais a sobreviver. No entanto, os medos da idade da pedra nos deixaram despreparados para os perigos modernos como carros, eletricidade e armas, por exemplo.
A amígdala tem um papel fundamental na associação de várias emoções, incluindo o medo a certas situações. Se a amígdala for desativada por uma droga que bloqueia a formação de novas conexões neurais, desaparecem as reações de medo.
Algumas pessoas apresentam medos intensos de coisas específicas, são as chamadas fobias. Outras, os heróis corajosos e os criminosos implacáveis, são menos assustadas do que a maioria de nós. A experiência ajuda a moldar o medo ou a falta dele, mas nossos genes também são importantes. Cientistas conseguiram isolar um gene que influencia a resposta da amígdala à situações assustadoras. Pessoas com uma versão curta desse gene têm quantidade menor de uma proteína que acelera a recaptação do neurotransmissor serotonina. Com mais serotonina disponível para ativar os neurônios da amígdala, essas pessoas apresentam uma resposta mais intensa das amígdalas a imagens assustadoras.
A raiva, em geral, é provocada por eventos que não são apenas frustrantes ou ofensivos, mas também interpretados como deliberados, injustificados e evitáveis.
Liberar a pressão através de catarse pode ser temporariamente calmante, mas, a longo prazo, não reduz a raiva. Quando a raiva alimenta atos físicos ou verbalmente agressivos, que mais tarde lamentamos, ela se torna mal-adaptativa. As explosões de raiva que, temporariamente, nos acalmam, são perigosas pois podem estar agindo como reforço e criando um hábito.
O encorajamento para liberar a raiva é típico de culturas individualistas, mas será mais difícil de ser ouvido em culturas mais centradas no grupo. No Japão, por exemplo, desde a infância, expressões de raiva são muito mais raras que nas culturas ocidentais.
Segundo especialistas, o melhor meio de se lidar com a raiva é esperando que os níveis de excitação fisiológica diminuam, ou acalmando-se de outras maneiras, como exercitando-se, tocando um instrumento ou conversando com um amigo.
A felicidade não é somente sentir-se bem, é fazer o bem. Pessoas felizes percebem o mundo como mais seguro, sentem-se mais confiantes, tomam decisões com mais facilidade, crescem no emprego mais rapidamente, são mais cooperativas e tolerantes, vivem de forma mais saudável e energizada, e estão mais satisfeitas com suas vidas.
Um bom ânimo amplia a percepção que as pessoas têm do mundo e sua disposição para ajudar os outros. O “fenômeno do sentir-se bem, fazer o bem” é a tendência da pessoa a ser prestativa quando está de bom humor.
Porém, o humor resultante dos eventos favoráveis ou desfavoráveis do dia dificilmente estende-se pelo dia inteiro. Mesmo eventos positivos significativos, como um aumento substancial de salário, dificilmente têm um efeito duradouro sobre a felicidade.
O fenômeno do nível de adaptação descreve nossa tendência a julgar diversos estímulos em relação àqueles que já experimentamos anteriormente. Assim, se nossa condição atual melhora, sentimos uma onda inicial de prazer. Nós, então, nos adaptamos a esse novo nível de vida, passamos a considerá-lo normal, exigindo algo novo para outra onda de felicidade.
Privação relativa é a sensação de que somos piores do que aqueles com quem nos comparamos. Basta nos compararmos com pessoas que estejam melhores do que nós, para a inveja surgir. De modo semelhante, ao nos compararmos com pessoas que estejam piores do que nós, sentimo-nos melhor.
As emoções combinam a atividade fisiológica, comportamentos expressivos, pensamentos conscientes e sentimentos. Medo, raiva, felicidade e vários outros sentimentos têm isso em comum: são fenômenos biopsicossociais. Nossas predisposições genéticas, atividade cerebral, perspectivas, experiências, relacionamentos e culturas, em conjunto, fazem de nós o que somos.

Estresse e Saúde

Estresse é o processo pelo qual percebemos e respondemos a certos eventos, chamados estressores, que julgamos ameaçadores ou desafiadores. Ele não é apenas um estímulo ou uma resposta, mas o processo pelo qual avaliamos e lidamos com as ameaças e desafios do ambiente que nos cerca. Então, o estresse não surge dos eventos em si, mas da forma como os avaliamos e lidamos com eles.
Quando de curta duração ou percebidos como desafios, os estressores podem ter efeitos positivos. Porém, quando profundo e prolongado, o estresse pode causar danos.
O cientista canadense Hans Selye (1976), em 40 anos de pesquisa sobre o estresse, descobriu que as respostas adaptativas do corpo ao estresse são bem gerais, e as chamou de Síndrome de Adaptação Geral (SAG), que é composta por três fases: reação de alarme, resistência, e exaustão ou esgotamento.
As pesquisas modernas sobre o estresse avaliam as consequências para a saúde de eventos catastróficos, mudanças significativas de vida e dificuldades quotidianas. Os eventos que tendem a provocar a resposta do estresse são os que percebemos como negativos e incontroláveis.
Alguns de nós são mais propensos a doenças cardíacas: pessoas que são competitivas, intensas, impacientes e propensas à ira. Sob estresse, o corpo de uma pessoa reativa e hostil secreta mais hormônios que aceleram a forma-ção de placas nas pareces das arté-rias do coração. O estresse crônico também contribui para inflamações persistentes, elevando o risco de entupimento das artérias e de depressão.
O estresse, ainda, desvia a energia do sistema imunológico, inibindo as atividades dos linfócitos B e T, e células exterminadoras naturais NK (natural killers). Apesar de não causar doenças como AIDS e câncer, ele pode interferir na sua progressão.



Promovendo a saúde

A manutenção da saúde inclui o alívio do estresse, a prevenção de doenças e a promoção do bem-estar.
Os estressores são inevitáveis. Esse fato, combinado com a conhecida correlação de estresse persistente e doenças cardíacas, depressão e baixa imunidade, nos envia uma mensagem clara: precisamos aprender a enfrentar o estresse.
As estratégias de enfrentamento focadas no problema aliviam o estresse diretamente. Por exemplo, se nossa impaciência nos leva a uma briga familiar, podemos nos dirigir diretamente àquele membro da família para conversar sobre o assunto.
As estratégias de enfrentamento focadas na emoção procuram aliviar o estresse atendendo às necessidades emocionais, como ir em busca de amigos para que nos ajudem a lidar com uma situação estressante.
Possuir um senso de controle, desenvolver um pensamento otimista de olhar a vida e construir nossa base de apoio social, pode ajudar-nos a experienciar menos estresse e, assim, melhorar nossa saúde.
Mas algumas vezes não temos como aliviar o estresse e, simplesmente, precisamos administrá-lo. Exercício aeróbico,
biofeedback, relaxamento, medita-ção e espiritualidade podem nos ajudar a nos fortalecermos internamente e a amenizar os efeitos do estres-se. Aprender a desacelerar e relaxar também ajuda a baixar as taxas de recorrência de ataques cardíacos.
Pessoas otimistas parecem enfrentar melhor o estresse e gozar de melhor saúde.



MYERS, D.; Psicologia. Rio de Janeiro:LTC, 2012. Cap. 12

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