MOTIVAÇÃO
Eles
podem porque pensam que podem.
(Virgílio
in Eneida, 19
a.C.)
Motivação
é
uma condição
vivenciada que orienta e energiza uma pessoa, mobilizando-a a um
comportamento ou ação específica. A palavra motivação tem raiz
latina que significa “o que põe em movimento”, ou seja, o que
impulsiona a ação.
Ao
longo do tempo, os psicólogos tentaram entender os comportamentos
motivados através perspectivas diferentes.
A
perspectiva evolucionista do instinto
explora
as influências genéticas sobre comportamentos. Ela supõe que os
genes predispõem o comportamento típico da espécie. Para se
qualificar como instintivo, um comportamento deve apresentar um
padrão fixo em uma espécie inteira e não ser aprendido. Por
exemplo: a sucção nos recém-nascidos.
A
teoria
da redução do drive
explora
como uma necessidade fisiológica cria um estado de excitação
(drive
ou
impulso)
que nos impulsionam a satisfazer tais necessidades. A finalidade
fisiológica da redução do drive
é a homeostase
(a
manutenção de um estado interno estável). Exemplo: comer diante da
fome, beber diante da sede.
A
teoria
da excitação propõe
que, com todas as nossas necessidades biológicas atendidas, nos
sentimos impulsionados a experimentar estímulos e ficamos ávidos
por informações. Temos como exemplo desta teoria a curiosidade. É
a curiosidade que impulsiona um bebê de 9 meses a investigar o que
há dentro do buraco de uma tomada.
Quando
sentimos fome, sede, fadiga ou excitação sexual, nada mais parece
importar. Mas quando satisfeitos, a sensação é que comida, água,
sono e sexo, simplesmente, não têm mais tanta importância para a
vida, agora ou no futuro.
Fome
As
pontadas de fome são as contrações do estômago, mas a fome ta
mbém
tem outras causas. Os hormônios do apetite incluem insulina (que
controla a glicose no sangue), a leptina (secretada pelas células
adiposas), a orexina (secretada pelo hipotálamo), a grelina
(secretada pelo estômago vazio), a obestatina (secretada pelo
estômago) e o PPY (secretado pelo trato digestório). Duas áreas do
hipotálamo regulam o peso corporal afetando os sentimentos de fome e
de saciedade. O corpo pode ter um ponto
de acomodação equilibrado (uma tendência fixada biologicamente
para manter o peso ideal) ou um ponto de acomodação mais flexível
(influenciado pelo ambiente).
A
fome é desencadeada pelo nosso estado fisiológico, química do
corpo e atividade hipotalâmica, mas também pela lembrança da
última refeição. À medida que o tempo passa desde a última
refeição, nós antecipamos a necessidade de comer novamente e
começamos a sentir fome.
Nossas
preferências por sabores doces e salgados são genéticas e
universais. As demais preferências de sabor são condicionadas e
estão atreladas à cultura: por exemplo, americanos e europeus não
costumam comer carne de cachorro, rato e cavalo. Algumas preferências
de paladar, como evitar novas comidas ou outras que nos fizeram mal
no passado, têm valor de sobrevivência.
Nossos
corpos são naturalmente dispostos a manter um peso normal, incluindo
reservas de energia para os períodos em que a comida é escassa.
Apesar disso, as influências psicológicas, algumas vezes, impõem-se
sobre a biologia. Isso se torna claro através dos transtornos
alimentares.
A
anorexia
nervosa caracteriza-se
por
levar a pessoa a emagrecer, no mínimo, 15% abaixo de seu peso
normal. As pessoas com este transtorno costumam ser, na maioria das
vezes, adolescentes do sexo feminino. Ainda assim se sentem gordas,
temem ganhar peso e ficam obcecadas por emagrecer. Dentre as causas
da anorexia nervosa estão hereditariedade, problemas com autoimagem,
dismorfia (preocupação com um defeito imaginário), dificuldade em
ser aceito pelos pares, bullying,
e dificuldade em lidar com a sexualidade genital emergente. Algumas
das consequências da anorexia nervosa são: amenorreia (ausência de
menstruação), infertilidade, diminuição ou ausência da libido,
má formação do esqueleto, descalcificação dos dentes, depressão
profunda, tendências suicidas, obstipação grave, arritmia
cardíaca, bulimia.
A
bulimia
nervosa é
um transtorno alimentar, no qual a pessoa ingere muita comida em
pouco tempo e, então, busca prevenir o ganho de peso ao tentar se
livrar do que comeu vomitando, tomando laxantes ou diuréticos. A
pessoa com bulimia nervosa sente que não consegue controlar a
quantidade de alimentos que come, costuma ter peso normal e pode
praticar exercícios físicos em excesso. Dentre as causas desse
transtorno estão fatores genéticos, transtornos de ansiedade,
alcoolismo, toxicodependência, estresse, pressão cultural, falta de
autoestima e histórico de anorexia. É difícil chegar ao
diagnóstico dentre transtorno, já que as pessoas acometidas por ele
tendem a ser muito reservadas em relação aos seus hábitos. Algumas
das consequências deste transtorno são: problemas nos dentes e
gengivas, desidratação, fadiga, ressecamento da pele,
irregularidade na menstruação, obstipação, depressão.
Nosso corpo armazena gordura por bons motivos. A gordura é uma forma perfeita de armazenar energia, uma reserva de combustível altamente calórico para sustentar o corpo em períodos de escassez de comida, uma situação comum na existência de nossos ancestrais pré-históricos, em que a abundância e a fome se alternavam regularmente. Porém, em partes do mundo onde a comida e os doces se tornaram abundantes, a regra que antes guiava nossos distantes ancestrais, de comer todo alimento rico em energia que encontrar, tornou-se disfuncional.
Segundo
uma estimativa da OMS feita em 2007, mais de 1 bilhão de pessoas, ao
redor do mundo, estão acima do peso, e 300 milhões delas são
clinicamente obesas.
A
obesidade
significa
aumento de risco de diabetes, pressão alta, doenças cardíacas,
cálculos biliares, artrite e certos tipos de câncer.
Na
aritmética do ganho de peso, as pessoas engordam ao consumir mais
calorias do que gastam, porém esta conclusão é falsa. Os
determinantes imediatos da gordura corporal são o tamanho e o número
de células adiposas. Um adulto típico tem de 30 a 40 bilhões
delas, que costumam localizar-se próximas à superfície da pele.
Uma célula adiposa pode variar de relativamente vazia a
demasiadamente cheia. Nas pessoas obesas, as células adiposas podem
inchar duas ou três vezes mais que seu tamanho normal e depois se
dividir, resultando num número de até 75 bilhões. Isso pode
acontecer por predisposição genética, padrões errados de
alimentação, ou por excesso de comida. Uma vez aumentado o número
de células adiposas, elas podem até encolher durante uma dieta, mas
seu número jamais diminui.
Dentre
as causas da obesidade estão fatores genéticos, privação do sono,
influência social, hábitos sedentários, inatividade, e ingestão
de comidas altamente calóricas.
Motivação
sexual
A
motivação
sexual é
a maneira inteligente de a natureza fazer as pessoas procriarem,
possibilitando, assim, a perpetuação da nossa espécie.
Masters & Johnson (1966)
descreveram o ciclo de
resposta sexual
no qual identificou quatro estágios, semelhantes em homens e
mulheres:
-
Excitação – as áreas genitais se enchem de sangue.
-
Platô – a excitação atinge o ponto máximo enquanto os ritmos de respiração, pulsação e pressão sanguínea aumentam.
-
Orgasmo – há contrações musculares em todo o corpo. Na mulher, o orgasmo facilita a concepção por impelir o sêmen e posicionar o útero para receber o esperma.
-
Resolução – os vasos sanguíneos liberam o sangue acumulado. Nos homens, há um período refratário durante o qual a renovação da excitação e o orgasmo são impossíveis.
Transtornos
sexuais são
problemas que constantemente prejudicam o funcionamento sexual, mas
podem ser tratados com sucesso, muitas vezes por terapia e/ou pelo
uso de medicações. Dentre os transtornos encontrados nos homens
estão falta de energia sexual, ejaculação precoce e disfunção
erétil; já entre as mulheres é mais comum a disfunção orgásmica.
O
interesse de uma pessoa por namorar e por sentir estimulação sexual
geralmente aumenta com o fluxo de hormônios sexuais na puberdade.
Material
erótico e outros estímulos externos podem despertar excitação
sexual tanto em homens quanto em mulheres. O problema com a exposição
a este material é que ele pode levar as pessoas a perceberem seus
parceiros como menos atraentes. Além disso, materiais com conteúdo
sexual abusivo podem levar seu público à aceitação do estupro e
da violência sexual.
Até
aqui levamos em conta a energização da motivação sexual, mas não
a sua direção. Expressamos a direção do nosso interesse sexual em
nossa orientação
sexual,
ou seja, a atração sexual duradoura voltada para pessoas do nosso
próprio sexo (homossexual)
ou para pessoas do sexo oposto (heterossexual).
Alguns
homossexuais recordam suas preferências por brincadeiras do sexo
oposto durante a infância, mas a maioria relata não ter percebido a
atração pelo mesmo sexo até durante ou logo depois da puberdade.
A
orientação sexual não é um indicador de saúde mental. “A
homossexualidade, em si, não está associada a transtornos mentais
ou a problemas emocionais ou sociais”, declara a Associação
Americana de Psicologia (2007).
Necessidade de Pertencimento
Nossas
necessidades de nos afiliarmos ou de pertencermos
(o sentido de conexão que nos identifica com outras pessoas) tinham
valor de sobrevivência para nossos ancestrais, o que pode explicar
porque os humanos em todas as sociedades vivem em grupos.
Quando
socialmente excluídas, as pessoas podem se empenhar em
comportamentos de autodepreciação (apresentar desempenho abaixo de
suas capacidades) ou antissociais.
Motivação no trabalho
Para
a maioria de nós, o trabalho
é a principal fonte de ânimo. Ele ajuda a satisfazer vários níveis
de necessidades identificados na pirâmide de necessidades de Maslow.
O trabalho nos mantém, nos conecta e nos define.
Os
entrevistadores, quase sempre, superestimam seu discernimento.
Entrevistas subjetivas costumam fomentar a ilusão do entrevistador.
Entrevistas estruturadas apontam as qualidades relevantes para os
cargos e são melhores previsores de desempenho.
A
avaliação
de desempenho
ajuda a decidir quem manter, como recompensar e remunerar
adequadamente as pessoas, e como aproveitar melhor suas qualidades.
Além disso, o feedback
reforça
os pontos fortes dos trabalhadores e ajuda a motivar as melhorias
necessárias. Listas de verificação e escalas gráficas de
classificação de comportamento são métodos úteis de avaliação
do desempenho.
Os
psicólogos
organizacionais consideram
as influências sobre a satisfação e a produtividade dos
trabalhadores e facilitam a mudança organizacional. O
comprometimento dos empregados tende a se correlacionar com o sucesso
da organização. O estilo de liderança pode ser direcionado a metas
(liderança orientada por tarefas) ou orientado ao grupo (liderança
social), ou, ainda, uma combinação dos dois.
MYERS,
D.; Psicologia. Rio de Janeiro:LTC, 2012. Cap. 11
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