O centro da argumentação de Maturana e Varela é constituído por duas vertentes. A primeira, como vimos, sustenta que o conhecimento não se limita ao processamento de informações oriundas de um mundo anterior à experiência do observador, o qual se apropria dele para fragmentá-lo e explorá-lo. A segunda grande linha afirma que os seres vivos são autônomos, isto é, autoprodutores - capazes de produzir seus próprios componentes ao interagir com o meio: vivem no conhecimento e conhecem no viver. (p. 14)
Hoje, os dois autores seguem caminhos diferentes. No entanto, a diversidade de suas linhas de trabalho atuais não elimina um traço básico do ideário original: o que sustenta que os seres vivos e o mundo estão interligados, de modo que não podem ser compreendidos em separado. (p. 15)
Em linhas gerais, essa teoria sustenta a objetividade, mas também a subjetividade do observador, que havia sido preterida pelos modelos teóricos representacionistas de ciência cognitiva. (p. 16)
Tendemos a viver num mundo de certezas, de solidez perceptiva não contestada, em que nossas convicções provam que as coisas são somente como as vemos e não existe alternativa para aquilo que nos parece certo. (p. 22)
Não vemos o "espaço" do mundo, vivemos nosso campo visual; não vemos as "cores" do mundo, vivemos nosso espaço cromático. (p. 28)
Essa situação especial de conhecer como se conhece é tradicionalmente esquiva para nossa cultura ocidental, centrada na ação e não na reflexão, de modo que nossa vida pessoal é, geralmente, cega para si mesma. (p. 30)
Nosso objetivo, portanto, está claro: queremos examinar o fenômeno do conhecer tomando a universalidade do fazer no conhecer (esse fazer surgir um mundo), como problema e ponto de partida para que possamos revelar seu fundamento. (p. 33)
A magia, por exemplo, é tão explicativa para os que a aceitam como a ciência o é para os que a adotam. (p. 34)
Devido à diversificação e plasticidade possíveis na família das moléculas orgânicas, tornou-se por sua vez possível a formação de redes de reações moleculares, que produzem os mesmos tipos de molécula que as integram e, também, limitam o entorno espacial no qual se realizam. Essas redes e interações moleculares, que produzem a sim mesmas e especificam seus próprios limites são, como veremos adiante, seres vivos. (p. 46)
Nossa proposta é que os seres vivos se caracterizam por - literalmente - produzirem de modo contínuo a si próprios, o que indicamos quando chamamos a organização que os define de organização autopoiética. (p. 52)
A característica mais peculiar de um sistema autopoiético é que ele se levanta por seus próprios cordões, e se constitui como diferente do meio por sua própria dinâmica, de tal maneira que ambas as coisas são inseparáveis. (p. 55)
Se uma célula interage com uma molécula X, incorporando-a a seus processos, o que acontece como consequência da interação não está determinado pelas propriedades dessa molécula, e sim pela maneira como ela é "vista" ou tomada pela célula, ao incorporá-la à sua dinâmica autopoiética. (p. 61)
Nós, como seres vivos - e como veremos, como seres sociais -, temos uma história: somos descendentes por reprodução não apenas de nossos antepassados humanos, mas também de ancestrais muito diferentes, que retrocedem no tempo mais de três bilhões de anos. (p. 66)
É importante notar que, em consequência de como ocorre o fenômeno da réplica, as unidades produzidas são historicamente independentes umas das outras. O que acontece a qualquer delas em sua história individual não afeta as que lhes sucedem na série de produção. O que acontecer ao meu Toyota, depois que eu o comprar, em nada afetará a fábrica Toyota, que continuará produzindo imperturbavelmente seus carros. Em suma: as unidades produzidas por réplicas não constituem entre elas um sistema histórico. (p. 71)
A ontogenia é a história de mudanças estruturais de uma unidade, sem que esta perca a sua organização. (p. 86)
Todas as organelas de uma célula (isto é, as mitocôndrias, os cloroplastos e seu núcleo, por exemplo) parecem ter sido ancestralmente procariontes de vida livre. (p. 102)
A história das mudanças estruturais de um dado ser vivo é sua ontogenia. Nessa história todo ser vivo começa com uma estrutura inicial, que condiciona o curso de suas interações e delimita as modificações estruturais que estas desencadeiam nele. Ao mesmo tempo, o ser vivo nasce num determinado lugar, num meio que constitui o entorno no qual ele se realiza e em que ele interage, meio esse que também vemos como dotado de uma dinâmica estrutural própria, operacionalmente distinta daquela do ser vivo. (p. 107)
Repitamos: a conservação da autopoiese e a manutenção da adaptação são condições necessárias para a existência dos seres vivos: a mudança estrutural ontogenética de um ser vivo num meio será sempre uma deriva estrutural congruente deste com o meio. Essa deriva parecerá ao observador "selecionada" pelo meio, ao longo da história de interações do ser vivo enquanto ele viver. (p. 116)
Para resumir: não há sobrevivência do mais apto, o que há é sobrevivência do apto. Trata-se de condições necessárias, que podem ser satisfeitas de muitas maneiras, e não da otimização de critérios alheios à própria sobrevivência. (p. 127)
Esse experimento - como muitos outros que foram feitos desde os anos 50 - pode ser visto como prova direta de que o funcionamento do sistema nervoso é a expressão de sua conectividade ou estrutura de conexões, e que o comportamento surge de acordo com o modo como se estabelecem nele suas relações internas de atividade. (p. 141)
Também sabemos que o fato desse animal se comportar de maneira diferente revela que seu sistema nervoso é diferente do dos outros, como resultado da privação materna transitória. (p. 142)
O que a presença do sistema nervoso faz é expandir o domínio de condutas possíveis, ao dotar o organismo de uma estrutura espantosamente versátil e plástica. (p. 154)
Já vimos que o comportamento não é uma invenção do sistema nervoso. Ele é próprio de qualquer unidade vista num meio onde especifica um domínio de perturbações, e mantém sua organização como resultado das mudanças de estado que tais perturbações nela desencadeiam.
É importante ter isso em mente, porque em geral vemos o comportamento como algo característico de animais com sistema nervoso. (p. 158)
Voltemos um pouco á ameba que está a ponto de engolir um protozoário. O que acontece nessa sequência pode ser resumido assim: a presença do protozoário gera uma concentração de substâncias no meio que são capazes de interagir com a membrana da ameba, desencadeando mudanças de consistência protoplasmática que resultam na formação de um psudópodo. Este, por sua vez, produz, alterações na posição do animal, que se desloca, modificando assim a quantidade de moléculas do meio que interagem com sua membrana. Esse ciclo se repete, e a sequência de deslocamento da ameba, portanto, produz-se por meio da manutenção de uma correlação interna entre o grau de modificação de sua membrana e as mudanças protoplasmáticas que percebemos como psudópodos. (p. 164)
O nível de atividade e o tráfego químico entre duas células - nesse caso, uma muscular e um neurônio - modulam a eficácia e o modo de interação que ocorre entre elas durante sua contínua mutação. (p. 187)
Não há contradição no comportamento do antílope, na medida em que ele se realiza, em sua individualidade, como membro do grupo: é "altruisticamente" egoísta e "egoisticamente" altruísta, porque sua realização individual inclui sua pertença em relação ao grupo que integra. (p. 219)
O pesquisador começava com uma pergunta oral como: "Quem...?" e os espaços em branco eram completados por uma imagem projetada num dos campos visuais, como por exemplo: "É você?". Essa pergunta, apresentada em ambos os lados, recebeu a mesma resposta: "Paul". Diante da questão: "Que dia será amanhã?", a resposta foi, adequadamente: "Domingo". Quando feita ao hemisfério esquerdo, a pergunta: "O que você quer ser quando crescer? foi respondida assim: "Piloto de automóvel de corrida". O que é fascinante, porque a mesma questão, apresentada ao lado direito, tivera como resposta: "Desenhista". (p. 252)
No curso de uma interação linguística oral, parecia que p hemisfério esquerdo era o predominante nele. Por exemplo, quando se projeta uma ordem escrita para o hemisfério direito, tal como "ria", Paul de fato fingia rir. Quando perguntavam ao hemisfério esquerdo o porquê do riso, o rapaz respondia algo como: "É que vocês são engraçados...". Quando surgiu a ordem "Coce-se", a resposta sobre porque se coçava foi: "Tenho coceira". Ou seja, o hemisfério predominante não teve problemas para inventar alguma coerência descritiva para explicar as ações que vira ocorrer mas que estavam fora de sua experiência direta, devido à sua desconexão com o outro hemisfério. (p. 253)
Toda tradição se baseia naquilo que uma história estrutural acumulou como óbvio, como regular com estável, e a reflexão que permite ver o óbvio só funciona com aquilo que perturba essa regularidade. (p. 265)
Não é o conhecimento, mas sim o conhecimento do conhecimento, que cria o comprometimento. Não é saber que a bomba mata, e sim saber o que queremos fazer com ela que determina se faremos explodir ou não. Em geral, ignoramos ou fingimos desconhecer isso, para evitar a responsabilidade que nos cabe em todos os nossos atos cotidianos, já que todos estes - sem exceção - contribuem para formar o mundo em que existimos e que validamos precisamente por meio deles, num processo que configura o nosso porvir. Cegos diante dessa transcendência de nossos atos, pretendemos que o mundo tenha um drvir independente de nós, que justifique nossa irresponsabilidade por eles. (p. 271)
domingo, 29 de janeiro de 2017
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
12 Faces do preconceito - Jaime Pinsky (2006)
O preconceito e a própria discriminação (discriminação é o preconceito em ação) ganham terreno quando falamos da suposta inferioridade da mulher com relação ao homem, do velho com relação ao jovem, do índio com relação ao branco. (p. 7)
Olhamos os negros com rancor, como se eles tivessem escolhido vir para cá "manchar a sociedade branca". Após escravizá-los, reclamamos de seu caráter submisso. Após esmagá-los de trabalho, por séculos, falamos de sua preguiça. Depois de deixá-los na rua, quando da Abolição, não nos conformamos com sua pobreza. O problema do negro deve ser explicado pela História, nunca pela biologia. (p. 23)
Para um dramaturgo e romancista como Jean Genet, ser "homossexual" é ser rebelde, o que exclui qualquer integração numa sociedade de classe, racista, capitalista, consumista, religiosa, como está atualmente constituída a sociedade em que vivemos. (p. 35)
Este é um preconceito, o medo de não controlar as pessoas e seus comportamentos pelas palavras, o medo de que a fluidez dos comportamentos possa escapar ao policiamento linguístico, e portanto moral, psicológico e médico. (p. 35)
Poderíamos pois, de maneira figurada, dizer que o jovem é um organismo principalmente biológico, enquanto o idoso é principalmente biográfico. (p. 40)
O melhor combate ao preconceito é o exercício sistemático do respeito, e o verdadeiro conceito de respeito é atenção, individualização no trato, que é exatamente o oposto do que sucede com o preconceito. Pode-se pois afirmar que o preconceito é, antes de mais nada, uma falta de respeito à pessoa humana. (p. 40)
A própria diversidade encontrada na natureza nos ensina que cada espécie, tão diferente uma da outra, tem sua função e é vital para a harmonia do universo. (p. 41)
Praticamente todas as pessoas, mesmo aquelas que tenham algum grau de demência, podem decidir sobre diversos aspectos de suas vidas (o que querem comer, como querem vestir-se etc.) e estas escolhas são importantes na manutenção da autoestima. (p. 42)
Cada indivíduo, seja ele novo ou velho, homem ou mulher, tem uma vida sexual saudável quando pode extrair dela qualidade, e não propriamente quantidade. (p. 43)
Assim é que, aos 19 anos, já somos considerados aptos a escolher os destinos da nação em eleições, mas ainda mão podemos pegar o carro emprestado pra comprar chiclete na padaria. Até os 21 anos, não podemos cruzar as fronteiras nacionais em viagens de turismo sem autorização de nossos pais, mas aos 18 já podemos - aliás, somos obrigados - alistar-nos na trupe dos que se fantasiam de azeitona e temos a obrigação de não só invadir o território alheio em caso de guerra, como matar o inimigo. (p. 51)
Como disse outro poeta, o dos Anjos:
"Se a alguém causa inda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga
Escarra nessa boca que te beija!" (p. 55)
Se dizer Cráudia, praca, pranta é considerado "errado", e, por outro lado, dizer frouxo, escravo, branco, praga é considerado "certo", isso se deve simplesmente a uma questão que não é linguística, mas social e política - as pessoas que dizem Cráudia, praca, pranta pertencem a uma classe social desprestigiada, marginalizada, que não tem acesso à educação formal e aos bens culturais da elite, e por isso a língua que elas falam sofre o mesmo preconceito que pesa sobre elas mesmas, ou seja, sua língua é considerada "feia", "pobre", "carente", quando na verdade é apenas diferente da língua ensinada na escola. (p. 65)
Eu, você, a vizinha fuxiqueira, o professor moderninho, o bonitão da novela ou a garota sarada somos todos preconceituosos quando não aprendemos a respeitar a diversidade do mundo em que vivemos. (p. 70)
"Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem o seu consentimento", dizia a ex-primeira dama americana Eleanor Roosevelt. (p. 83)
Era uma vez um rapaz que estava tão inspirado que resolveu mudar o mundo. Ele estava plenamente convencido de que seus sonhos e suas ideias podiam revolucionar o universo. Mas quando tentou implementá-los, percebeu que o mundo era grande demais para uma pessoa só mudá-lo. Resolveu, então, mudar seu país. Mas logo viu que isto também era uma tarefa grande demais para uma única pessoa. Daí, resolveu mudar sua comunidade. Mas logo percebeu que até isso era difícil demais para ele. Então, resolveu mudar a si mesmo. E quando começou a ser tolerante para com os outros e passou a se comportar corretamente, ele foi contagiando todos ao seu redor. E sua comunidade, ficou melhor, seu país ficou melhor, o mundo ficou melhor. (p. 87)
Por volta do ano 1200, a Igreja adotou normas oficiais de segregação, criando "ruas de judeus" e "bairros judaicos", ao mesmo tempo em que obrigava os judeus a se identificarem no modo de vestir, por meio do uso de um chapéu pontudo, vermelho ou amarelo, ou então um distintivo amarelo pregado na roupa, que serviu de modelo para os decretos nazistas no século XX. (p. 90)
No fundo, a raiz da intolerância religiosa, tanto nos tempos antigos como em nossos dias, é uma só: a aversão àqueles que são "diferentes". (p. 92)
5 em cada 100 brasileiros (8,1 milhões) têm deficiências mentais; 2 em cada 100 (3,24 milhões), deficiências físicas; 1,5 em cada 100 (2,43 milhões), auditivas; 1 em cada 100 (1,62 milhão), múltipla e 0,5 em cada 100 (810 mil), visuais. (p. 96)
Em vez de pensarem políticas públicas que possibilitem a inclusão social, planejam políticas destinadas às pessoas pobres. (p. 114)
Nas novelas, o personagem que representa o "pobre" tem casa arrumadinha, comida na mesa e não precisa se preocupar com a questão econômica. O padrão de vida das pessoas pobres aproxima-se, na tela, ao padrão das pessoas ricas. Segundo os especialistas, as pesquisas de audiência indicam que o público desse tipo de programação não aprecia cenas da realidade da pobreza. (p. 117)
Exigir "boa aparência" na seleção de um emprego é uma forma de discriminar diferenças. (p. 118)
Há uma frase do grande poeta português, Fernando Pessoa, que ilustra esse debate: "O binômio de Newton é tão belo quanto a Vênus de Milo. A questão é a possibilidade de entender/sentir tais belezas." (p. 19)
Olhamos os negros com rancor, como se eles tivessem escolhido vir para cá "manchar a sociedade branca". Após escravizá-los, reclamamos de seu caráter submisso. Após esmagá-los de trabalho, por séculos, falamos de sua preguiça. Depois de deixá-los na rua, quando da Abolição, não nos conformamos com sua pobreza. O problema do negro deve ser explicado pela História, nunca pela biologia. (p. 23)
Para um dramaturgo e romancista como Jean Genet, ser "homossexual" é ser rebelde, o que exclui qualquer integração numa sociedade de classe, racista, capitalista, consumista, religiosa, como está atualmente constituída a sociedade em que vivemos. (p. 35)
Este é um preconceito, o medo de não controlar as pessoas e seus comportamentos pelas palavras, o medo de que a fluidez dos comportamentos possa escapar ao policiamento linguístico, e portanto moral, psicológico e médico. (p. 35)
Poderíamos pois, de maneira figurada, dizer que o jovem é um organismo principalmente biológico, enquanto o idoso é principalmente biográfico. (p. 40)
O melhor combate ao preconceito é o exercício sistemático do respeito, e o verdadeiro conceito de respeito é atenção, individualização no trato, que é exatamente o oposto do que sucede com o preconceito. Pode-se pois afirmar que o preconceito é, antes de mais nada, uma falta de respeito à pessoa humana. (p. 40)
A própria diversidade encontrada na natureza nos ensina que cada espécie, tão diferente uma da outra, tem sua função e é vital para a harmonia do universo. (p. 41)
Praticamente todas as pessoas, mesmo aquelas que tenham algum grau de demência, podem decidir sobre diversos aspectos de suas vidas (o que querem comer, como querem vestir-se etc.) e estas escolhas são importantes na manutenção da autoestima. (p. 42)
Cada indivíduo, seja ele novo ou velho, homem ou mulher, tem uma vida sexual saudável quando pode extrair dela qualidade, e não propriamente quantidade. (p. 43)
Assim é que, aos 19 anos, já somos considerados aptos a escolher os destinos da nação em eleições, mas ainda mão podemos pegar o carro emprestado pra comprar chiclete na padaria. Até os 21 anos, não podemos cruzar as fronteiras nacionais em viagens de turismo sem autorização de nossos pais, mas aos 18 já podemos - aliás, somos obrigados - alistar-nos na trupe dos que se fantasiam de azeitona e temos a obrigação de não só invadir o território alheio em caso de guerra, como matar o inimigo. (p. 51)
Como disse outro poeta, o dos Anjos:
"Se a alguém causa inda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga
Escarra nessa boca que te beija!" (p. 55)
Se dizer Cráudia, praca, pranta é considerado "errado", e, por outro lado, dizer frouxo, escravo, branco, praga é considerado "certo", isso se deve simplesmente a uma questão que não é linguística, mas social e política - as pessoas que dizem Cráudia, praca, pranta pertencem a uma classe social desprestigiada, marginalizada, que não tem acesso à educação formal e aos bens culturais da elite, e por isso a língua que elas falam sofre o mesmo preconceito que pesa sobre elas mesmas, ou seja, sua língua é considerada "feia", "pobre", "carente", quando na verdade é apenas diferente da língua ensinada na escola. (p. 65)
Eu, você, a vizinha fuxiqueira, o professor moderninho, o bonitão da novela ou a garota sarada somos todos preconceituosos quando não aprendemos a respeitar a diversidade do mundo em que vivemos. (p. 70)
"Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem o seu consentimento", dizia a ex-primeira dama americana Eleanor Roosevelt. (p. 83)
Era uma vez um rapaz que estava tão inspirado que resolveu mudar o mundo. Ele estava plenamente convencido de que seus sonhos e suas ideias podiam revolucionar o universo. Mas quando tentou implementá-los, percebeu que o mundo era grande demais para uma pessoa só mudá-lo. Resolveu, então, mudar seu país. Mas logo viu que isto também era uma tarefa grande demais para uma única pessoa. Daí, resolveu mudar sua comunidade. Mas logo percebeu que até isso era difícil demais para ele. Então, resolveu mudar a si mesmo. E quando começou a ser tolerante para com os outros e passou a se comportar corretamente, ele foi contagiando todos ao seu redor. E sua comunidade, ficou melhor, seu país ficou melhor, o mundo ficou melhor. (p. 87)
Por volta do ano 1200, a Igreja adotou normas oficiais de segregação, criando "ruas de judeus" e "bairros judaicos", ao mesmo tempo em que obrigava os judeus a se identificarem no modo de vestir, por meio do uso de um chapéu pontudo, vermelho ou amarelo, ou então um distintivo amarelo pregado na roupa, que serviu de modelo para os decretos nazistas no século XX. (p. 90)
No fundo, a raiz da intolerância religiosa, tanto nos tempos antigos como em nossos dias, é uma só: a aversão àqueles que são "diferentes". (p. 92)
5 em cada 100 brasileiros (8,1 milhões) têm deficiências mentais; 2 em cada 100 (3,24 milhões), deficiências físicas; 1,5 em cada 100 (2,43 milhões), auditivas; 1 em cada 100 (1,62 milhão), múltipla e 0,5 em cada 100 (810 mil), visuais. (p. 96)
Em vez de pensarem políticas públicas que possibilitem a inclusão social, planejam políticas destinadas às pessoas pobres. (p. 114)
Nas novelas, o personagem que representa o "pobre" tem casa arrumadinha, comida na mesa e não precisa se preocupar com a questão econômica. O padrão de vida das pessoas pobres aproxima-se, na tela, ao padrão das pessoas ricas. Segundo os especialistas, as pesquisas de audiência indicam que o público desse tipo de programação não aprecia cenas da realidade da pobreza. (p. 117)
Exigir "boa aparência" na seleção de um emprego é uma forma de discriminar diferenças. (p. 118)
Há uma frase do grande poeta português, Fernando Pessoa, que ilustra esse debate: "O binômio de Newton é tão belo quanto a Vênus de Milo. A questão é a possibilidade de entender/sentir tais belezas." (p. 19)
segunda-feira, 23 de janeiro de 2017
Bullying: mentes perigosas nas escolas - Ana Beatriz Barbosa Silva (2010)
É necessário entendermos que brincadeiras normais e sadias são aquelas nas quais todos os participantes se divertem. Quando apenas alguns se divertem à custa de outros que sofrem, isso ganha outra conotação, bem diversa de um simples divertimento. Nessa situação específica, utiliza-se o termo bullying escolar, que abrange todos os atos de violência (física ou não) que ocorrem de forma intencional e repetitiva contra um ou mais alunos, impossibilitados de fazer frente às agressões sofridas. (p. 13)
A palavra bullying ainda é pouco conhecida do grande público. De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar comportamentos violentos no âmbito escolar, tanto de meninos quanto de meninas. Dentre esses comportamentos podemos destacar as agressões, os assédios e as ações desrespeitosas, todos realizados de maneira recorrente e intencional por parte dos agressores. (p. 21)
De forma quase "natural", os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas. E isso, invariavelmente, sempre produz, alimenta e até perpetua muita dor e sofrimento nos vitimados.
Se recorrermos ao dicionário, encontraremos as seguintes traduções para a palavra bully: indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Já a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. (p. 21)
No contexto familiar, os bullies crescidos e mais experientes podem ser identificados na figura de pais, cônjuges ou irmãos dominadores, manipuladores e perversos, capazes de destruir a saúde física e mental, e a autoestima de seus alvos prediletos. No território profissional, costumam ser chefes ou colegas tiranos, "mascarados" e impiedosos. Suas atitudes agressoras (ou transgressoras) estão configuradas na corrupção, na coação, no uso indevido do dinheiro público, na imprudência arbitrária no trânsito, na negligência com os enfermos, no abuso de poder de lideranças, no sarcasmo de quem se utiliza da "lei da esperteza", no descaso das autoridades, no prazer em ver o outro sofrer... (p. 22)
Ultimamente o transtorno do pânico já pode ser observado em crianças bem jovens (6 a 7 anos de idade), muito em função de situações de estresse prolongado a que estão expostas. O bullying, certamente, faz parte dessa condição. (p. 26)
Quem apresenta fobia social, também conhecida por timidez patológica, sofre de ansiedade excessiva e persistente, com temor exacerbado de se sentir o centro das atenções ou de estar sendo julgado e avaliado negativamente. (p. 27)
O fóbico social de hoje pode ter o transtorno deflagrado em função das inúmeras humilhações no seu passado escolar; danos e sofrimentos que são capazes de se refletir por toda uma existência. (p. 27)
Os sintomas mais característicos de um quadro depressivo são: tristeza persistente, ansiedade ou sensação de vazio; sentimentos de culpa, inutilidade e desamparo; insônia ou excesso de sono; perda ou aumento de apetite; fadiga e sensação de desânimo; irritabilidade e inquietação; dificuldades de concentração e de tomar decisões; sentimentos de desesperança e pessimismo; perda de interesse por atividades que anteriormente despertavam prazer; ideias ou tentativas de suicídio. (p. 28)
Os transtornos alimentares mais relevantes em nosso contexto sociocultural são a anorexia e a bulimia nervosas. Esses transtornos já são considerados epidemia nas sociedades ocidentais, acometendo especialmente mulheres (em 90% dos casos), sobretudo as adolescentes e as adultas jovens. (p. 29)
É importante destacar que a anorexia e a bulimia são patologias que necessitam ser diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível. Porém, não podemos perder de vista que a formação da autoimagem corporal de cada pessoa está fortemente influenciada pela maneira como a sociedade "impõe" o que é ter um corpo esteticamente apreciável. (p. 30)
A vulnerabilidade de cada indivíduo, aliada ao ambiente externo, às pressões psicológicas e às situações de estresse prolongado, pode deflagrar transtornos graves que se encontravam, até então, adormecidos. (p. 32)
Jamais podemos perder de vista que tolerar o intolerável e justificar o injustificável são posturas de extremo desrespeito para com a maioria absoluta da humanidade, que batalha todos os dias por um mundo melhor e menos violento. (p. 53)
Temos que considerar que comportamentos agressivos do tipo transgressor são frequentes na adolescência, afinal é nesse período da vida que nos lançamentos no mundo em busca de nossa identidade. A adolescência pressupõe riscos, aventuras, inquietações, angústias, descobertas, irresponsabilidades pontuais, insensatez, paixões, emoções exacerbadas etc. Na maior parte das vezes, todas essas manifestações não são fruto de patologias de fundo psíquico individual ou sociofamiliar (apesar de a maioria das pessoas achar o contrário). Elas são, na maioria absoluta dos casos, manifestações exasperadas, ainda que disfuncionais e socialmente inaceitáveis, de jovens se lançando na busca de sua própria identidade. Em última instância, são as formas tortas e ineficazes de demostrarem que existem e que valem alguma coisa para seus colegas, amigos, familiares e também para a sociedade. (p.67)
As "ferramentas" que os adultos devem utilizar para intervir, evitando as consequências mais dramáticas nessa difícil fase de transição para a vida adulta, são: o estímulo ao diálogo, a escuta atenta e empática, a construção de vínculos afetivos fortes, o desenvolvimento de uma reflexão crítica, o incentivo à participação familiar e escolar, a orientação para a responsabilização por si mesmos e pelos outros, a criação e a implementação de regras e o estabelecimento precoce (desde os primeiros anos de vida) de limites muito bem definidos. (p. 69)
A personalidade resulta da interação do temperamento com a grande variedade de situações que vivenciamos ao longo do tempo. O temperamento diz respeito aos traços biológicos que herdamos (material genético) de nossos familiares. Já a nossa história psicológica é formada por uma gama de comportamentos e sentimentos que desenvolvemos como resposta às diversas circunstâncias da vida. (p. 73)
A palavra resiliência significa: 1) propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é desenvolvida quando cessa a tensão causadora da deformidade (característica típica do elástico, que, mesmo depois que encolhe, pode ser esticado novamente); 2) capacidade de resistir ao choque. Ambas as definições de resiliência referem-se a características físicas de um material. Em termos de comportamento humano, a resiliência pode ser entendida como a capacidade que um indivíduo possui de transmutar sofrimento, dor, rancor, mágoa ou raiva em aprendizado. (p. 76)
Aristóteles, filósofo grego de 400 a.C., afirmou: "Somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito." Albert Einstein, de forma intuitiva, também constatava isso em meados do século passado ao dizer: "A genialidade é 10% de talento e 90% de transpiração." (p. 83)
As mentes humanas são capazes de criar poderosas ferramentas, porém devem ter o compromisso ético de só usá-las para os bons propósitos. (p. 125)
É importante reparar o comportamento dos filhos, especialmente em relação ao uso do computador: quantas horas por dia eles ficam "navegando". Durante esse período, eles costumam ter reações como xingar, chorar, gargalhar, ou ficam muito quietos? É comum tentarem esconder a tela do computador quando alguém entra em seu quarto? O comportamento fora da internet também deve ser bem observado: evitam ir à escola? Dormem demais? Tiveram perda ou ganho de apetite? Apresentam insônia, explosões de raiva ou crises de choro? (p. 138)
Por fim, encontramos também uma minoria de jovens que tem a transgressão pessoal e social como base estrutural de sua personalidade. Esses agressores são desprovidos de consideração, de empatia e de compaixão por seus colegas, irmãos, professores e até mesmo por seus pais. Suas atitudes expressam uma maneira de sentir na qual o outro tem a única função de lhe proporcionar diversão, status e poder. (p. 155)
Não há dúvida de que o fenômeno bullying estimula a delinquência e induz a outras formas explícitas de violência, capazes de produzir, em níveis diversos, cidadãos estressados, com baixa autoestima e reduzida capacidade de autoexpressão. Além disso, como já mencionado, as vítimas de bullying estão propensas a desenvolver doenças psicossomáticas, transtornos mentais leves e moderados e até psicopatologias graves. (p. 155)
Quando ocorrer lesão corporal, calúnia, injúria ou difamação, os pais ou responsáveis devem registrar o fato em uma delegacia de polícia, através de um boletim de ocorrência. Nos casos mais graves, se a escola não informar o Conselho Tutelar, poderá ser responsabilizada por omissão. Em situações que envolvam atos infracionais (ou ilícitos), a escola também tem o dever de fazer a ocorrência policial. Dessa forma, os fatos poderão ser devidamente apurados pelas autoridades competentes e os culpados responsabilizados. Tais procedimentos evitam a impunidade e inibem o crescimento da violência e da criminalidade infantojuvenil. (p. 168)
A palavra bullying ainda é pouco conhecida do grande público. De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar comportamentos violentos no âmbito escolar, tanto de meninos quanto de meninas. Dentre esses comportamentos podemos destacar as agressões, os assédios e as ações desrespeitosas, todos realizados de maneira recorrente e intencional por parte dos agressores. (p. 21)
De forma quase "natural", os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas. E isso, invariavelmente, sempre produz, alimenta e até perpetua muita dor e sofrimento nos vitimados.
Se recorrermos ao dicionário, encontraremos as seguintes traduções para a palavra bully: indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Já a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. (p. 21)
No contexto familiar, os bullies crescidos e mais experientes podem ser identificados na figura de pais, cônjuges ou irmãos dominadores, manipuladores e perversos, capazes de destruir a saúde física e mental, e a autoestima de seus alvos prediletos. No território profissional, costumam ser chefes ou colegas tiranos, "mascarados" e impiedosos. Suas atitudes agressoras (ou transgressoras) estão configuradas na corrupção, na coação, no uso indevido do dinheiro público, na imprudência arbitrária no trânsito, na negligência com os enfermos, no abuso de poder de lideranças, no sarcasmo de quem se utiliza da "lei da esperteza", no descaso das autoridades, no prazer em ver o outro sofrer... (p. 22)
Ultimamente o transtorno do pânico já pode ser observado em crianças bem jovens (6 a 7 anos de idade), muito em função de situações de estresse prolongado a que estão expostas. O bullying, certamente, faz parte dessa condição. (p. 26)
Quem apresenta fobia social, também conhecida por timidez patológica, sofre de ansiedade excessiva e persistente, com temor exacerbado de se sentir o centro das atenções ou de estar sendo julgado e avaliado negativamente. (p. 27)
O fóbico social de hoje pode ter o transtorno deflagrado em função das inúmeras humilhações no seu passado escolar; danos e sofrimentos que são capazes de se refletir por toda uma existência. (p. 27)
Os sintomas mais característicos de um quadro depressivo são: tristeza persistente, ansiedade ou sensação de vazio; sentimentos de culpa, inutilidade e desamparo; insônia ou excesso de sono; perda ou aumento de apetite; fadiga e sensação de desânimo; irritabilidade e inquietação; dificuldades de concentração e de tomar decisões; sentimentos de desesperança e pessimismo; perda de interesse por atividades que anteriormente despertavam prazer; ideias ou tentativas de suicídio. (p. 28)
Os transtornos alimentares mais relevantes em nosso contexto sociocultural são a anorexia e a bulimia nervosas. Esses transtornos já são considerados epidemia nas sociedades ocidentais, acometendo especialmente mulheres (em 90% dos casos), sobretudo as adolescentes e as adultas jovens. (p. 29)
É importante destacar que a anorexia e a bulimia são patologias que necessitam ser diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível. Porém, não podemos perder de vista que a formação da autoimagem corporal de cada pessoa está fortemente influenciada pela maneira como a sociedade "impõe" o que é ter um corpo esteticamente apreciável. (p. 30)
A vulnerabilidade de cada indivíduo, aliada ao ambiente externo, às pressões psicológicas e às situações de estresse prolongado, pode deflagrar transtornos graves que se encontravam, até então, adormecidos. (p. 32)
Jamais podemos perder de vista que tolerar o intolerável e justificar o injustificável são posturas de extremo desrespeito para com a maioria absoluta da humanidade, que batalha todos os dias por um mundo melhor e menos violento. (p. 53)
Temos que considerar que comportamentos agressivos do tipo transgressor são frequentes na adolescência, afinal é nesse período da vida que nos lançamentos no mundo em busca de nossa identidade. A adolescência pressupõe riscos, aventuras, inquietações, angústias, descobertas, irresponsabilidades pontuais, insensatez, paixões, emoções exacerbadas etc. Na maior parte das vezes, todas essas manifestações não são fruto de patologias de fundo psíquico individual ou sociofamiliar (apesar de a maioria das pessoas achar o contrário). Elas são, na maioria absoluta dos casos, manifestações exasperadas, ainda que disfuncionais e socialmente inaceitáveis, de jovens se lançando na busca de sua própria identidade. Em última instância, são as formas tortas e ineficazes de demostrarem que existem e que valem alguma coisa para seus colegas, amigos, familiares e também para a sociedade. (p.67)
As "ferramentas" que os adultos devem utilizar para intervir, evitando as consequências mais dramáticas nessa difícil fase de transição para a vida adulta, são: o estímulo ao diálogo, a escuta atenta e empática, a construção de vínculos afetivos fortes, o desenvolvimento de uma reflexão crítica, o incentivo à participação familiar e escolar, a orientação para a responsabilização por si mesmos e pelos outros, a criação e a implementação de regras e o estabelecimento precoce (desde os primeiros anos de vida) de limites muito bem definidos. (p. 69)
A personalidade resulta da interação do temperamento com a grande variedade de situações que vivenciamos ao longo do tempo. O temperamento diz respeito aos traços biológicos que herdamos (material genético) de nossos familiares. Já a nossa história psicológica é formada por uma gama de comportamentos e sentimentos que desenvolvemos como resposta às diversas circunstâncias da vida. (p. 73)
A palavra resiliência significa: 1) propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é desenvolvida quando cessa a tensão causadora da deformidade (característica típica do elástico, que, mesmo depois que encolhe, pode ser esticado novamente); 2) capacidade de resistir ao choque. Ambas as definições de resiliência referem-se a características físicas de um material. Em termos de comportamento humano, a resiliência pode ser entendida como a capacidade que um indivíduo possui de transmutar sofrimento, dor, rancor, mágoa ou raiva em aprendizado. (p. 76)
Aristóteles, filósofo grego de 400 a.C., afirmou: "Somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito." Albert Einstein, de forma intuitiva, também constatava isso em meados do século passado ao dizer: "A genialidade é 10% de talento e 90% de transpiração." (p. 83)
As mentes humanas são capazes de criar poderosas ferramentas, porém devem ter o compromisso ético de só usá-las para os bons propósitos. (p. 125)
É importante reparar o comportamento dos filhos, especialmente em relação ao uso do computador: quantas horas por dia eles ficam "navegando". Durante esse período, eles costumam ter reações como xingar, chorar, gargalhar, ou ficam muito quietos? É comum tentarem esconder a tela do computador quando alguém entra em seu quarto? O comportamento fora da internet também deve ser bem observado: evitam ir à escola? Dormem demais? Tiveram perda ou ganho de apetite? Apresentam insônia, explosões de raiva ou crises de choro? (p. 138)
Por fim, encontramos também uma minoria de jovens que tem a transgressão pessoal e social como base estrutural de sua personalidade. Esses agressores são desprovidos de consideração, de empatia e de compaixão por seus colegas, irmãos, professores e até mesmo por seus pais. Suas atitudes expressam uma maneira de sentir na qual o outro tem a única função de lhe proporcionar diversão, status e poder. (p. 155)
Não há dúvida de que o fenômeno bullying estimula a delinquência e induz a outras formas explícitas de violência, capazes de produzir, em níveis diversos, cidadãos estressados, com baixa autoestima e reduzida capacidade de autoexpressão. Além disso, como já mencionado, as vítimas de bullying estão propensas a desenvolver doenças psicossomáticas, transtornos mentais leves e moderados e até psicopatologias graves. (p. 155)
Quando ocorrer lesão corporal, calúnia, injúria ou difamação, os pais ou responsáveis devem registrar o fato em uma delegacia de polícia, através de um boletim de ocorrência. Nos casos mais graves, se a escola não informar o Conselho Tutelar, poderá ser responsabilizada por omissão. Em situações que envolvam atos infracionais (ou ilícitos), a escola também tem o dever de fazer a ocorrência policial. Dessa forma, os fatos poderão ser devidamente apurados pelas autoridades competentes e os culpados responsabilizados. Tais procedimentos evitam a impunidade e inibem o crescimento da violência e da criminalidade infantojuvenil. (p. 168)
domingo, 22 de janeiro de 2017
A fórmula da eterna juventude e outros experimentos nazistas - Carlos de Nápoli (2012)
No começo de 1944, uma revista especializada em medicina proporcionava a compra de extrato de hipófise humana proveniente de um laboratório alemão. (p. 57)
O alemão da direita explicou que os hormônios eram extraídos das hipófises de cadáveres, mas de imediato argumentou que já estavam muito avançados os estudos para sintetizá-los. (p. 71)
Se Adolf Hitler houvesse esperado até 1939, para que se cumprisse o plano quadrienal iniciado em 1936 e dirigido por Hermann Goering, ou se não houvesse abandonado os parâmetros da Blitzkrieg, a indústria e o comércio alemães teriam dominado a Europa. Sua mentalidade criminosa, a ansiedade patológica da classe dirigente germânica e a subestimação generalizada de seus oponentes o levaram a escolher o caminho da guerra. (p. 157)
Depois de mencionar minuciosamente as empresas e as instituições oligárquicas às quais pertence, ressalta sua relação familiar com o jornal La Prensa, cruel inimigo do peronismo, e com a organização paramilitar Associação do Trabalho, criada, financiada e organizada por Anchorena para rstourar greves no porto e para realizar tarefas de provocação política com claras interbções antidemocráticas. (p. 190)
O alemão da direita explicou que os hormônios eram extraídos das hipófises de cadáveres, mas de imediato argumentou que já estavam muito avançados os estudos para sintetizá-los. (p. 71)
Se Adolf Hitler houvesse esperado até 1939, para que se cumprisse o plano quadrienal iniciado em 1936 e dirigido por Hermann Goering, ou se não houvesse abandonado os parâmetros da Blitzkrieg, a indústria e o comércio alemães teriam dominado a Europa. Sua mentalidade criminosa, a ansiedade patológica da classe dirigente germânica e a subestimação generalizada de seus oponentes o levaram a escolher o caminho da guerra. (p. 157)
Depois de mencionar minuciosamente as empresas e as instituições oligárquicas às quais pertence, ressalta sua relação familiar com o jornal La Prensa, cruel inimigo do peronismo, e com a organização paramilitar Associação do Trabalho, criada, financiada e organizada por Anchorena para rstourar greves no porto e para realizar tarefas de provocação política com claras interbções antidemocráticas. (p. 190)
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
O corpo fala - A linguagem silenciosa da comunicação não verbal - Pierre Weil e Roland Tompakow (2011)
Você descobre logo de início duas pessoas, sentadas uma diante da outra, numa reunião social. Estão descontraídas, mergulhadas em conversa mutuamente atraente. Instintivamente cruzam e descruzam pernas, tomam diversas posições de braços e tórax, uma praticamente imitando a outra. Isto sem dúvida é sinal de simpatia entre ambas. E tem mais, quem primeiro modificar a posição (logo a seguir imitada pela outra) é o líder momentâneo da conversa. (p. 43)
A regra é: USE o que você sabe e não se preocupe com a perfeição impossível! (p. 44)
O ser humano está fisiologicamente "afinado" para distinguir entre harmonia e desarmonia. (p. 58)
Mostra as palmas das mãos para cima: Aceitação, concordância. Segundo Dr. A.E. Scheflen, um dos cientistas que estuda essa matéria: "Sempre que uma mulher mostra a palma da mão, está cortejando você - quer ela o saiba ou não". (p. 67)
Talvez "Vida" e "Não Vida" nem sejam definições absolutas; um vírus é "vivo" no sentido de sua capacidade de multiplicar-se e reproduzir a sua própria espécie e nada mais - o primeiro passo do estado inanimado ao animado. É partícula incrivelmente pequena de matéria (por exemplo: o vírus da febre aftosa tem apenas 0.000.000.8 cm de diâmetro; numa única célula de um centésimo de milímetro de diâmetro caberiam mais de 50 milhões de vírus poliomielite).
Contudo, até o vírus sabe "distinguir" (mensagem química que seja, o que é antes classificação do que uma explicação) entre o ambiente favorável ou desfavorável à sua ação reprodutora. (p. 77)
O homem é programado para discernir, mas o hábito de atentar para as ferramentas-símbolos, chamadas palavras, afastou-o da percepção consciente total imediata do "aqui e agora". - Simpatia e antipatia, uma possível capacidade residual deste tipo de percepção. (p. 79)
Lembremo-nos que instintivamente desaprovamos gente que sempre desvia seu olhar do nosso, durante um diálogo, ou que, de mão inerte, não responde ao nosso aperto de mãos com igual aperto! (p. 82)
Observemos sobretudo as extremidades dos membros que passam a expressar nitidamente o tipo de ação imediato desejado pelo leão. (p. 100)
Esta divisão fa energia provavelmente explica por que, nos mais diversos cultos, o jejum e a abstenção sexual são levados em tão alta conta. Desliguem-se as chaves de ignição do boi e do leão e a mente pode receber mais energia. (p. 101)
A mão esquerda dele toma parte nisso - é a "mão do sentimento". A mão direita dele - a mão da ação" - já fala em agir, sugerindo que ela se aproxime mais. (p. 122)
Diz Freud que a ternura é um resultado de sublimação da energia. (p. 123)
Habitue-se, leitor, a perceber a inclinação do corpo das pessoas com quem conversa. Se está inclinado para trás, veja o contexto: pode estar simplesmente relaxando, confortavelmente descansando. (p. 124)
Novidade é o pé ancorado; procure observá-lo quando alguém teima em manter o seu ponto de vista numa discussão. (p. 124)
Se um ser humano está interessado em alguém ou algo, a inclinação do seu corpo tende a mostrar naturalmente esta sua inclinação emocional. (p. 126)
As pessoas que sentem a compulsão de gastar a sua energia em atividades orais (reais ou simbólica) mostram que sua "serpente" ficou fixada no nível do "boi", pois a boca, sendo a extremidade superior do aparelho digestivo, preservador do "pão de cada dia" da sobrevivência física, é um "representante do boi" na cabeça humana. (p. 130)
Como o homem do centro, o da esquerda no desenho também expressa "aguardo" pelo apoio dos cotovelos à mesa. Mas a mão esquerda ("do sentimento") está na boca no gesto receoso que é muito encontrado em pessoas pouco seguras de si e em cuja primeira infância encontramos pais excessivamente severos. (p. 132)
É o alvo fixo de toda uma coleção de regras de conduta ideal para a vida inteira que, desde a infância, nos foi inculcada na águia e guardada no boi e no leão. (p. 171)
Mas o meio e, mais particularmente, a sociedade bloqueiam estes impulsos ou, pelo menos, atrasam a sua descarga: só se pode mamar em certas horas, urinar em certos locais e ter relações sexuais com certas pessoas e em certas condições conhecidas de todos. (p. 173)
Os pais que são os principais agentes de repressão ou adiamento destas descargas passam aos poucos a ser "introjetados", isto é, passamos a assumir nós mesmos o papel deles; eles passam a existir em nós. Em vez de mamãe dizer: "Não defeque nas calças ou não urine na cama", há uma voz interior, que se torna inconsciente, é o que Freud chamou de superego. (p. 173)
Outra coisa importante para você "ler": O "tamanho da escrita" (vigor) e sua "caligrafia" (nitidez). (p. 187)
A ÁGUIA - Ama o raciocínio, o saber, a satisfação da sua curiosidade. (p. 194)
O LEÃO - Ama o sentimento, música, cores, poesia, forma. (p. 194)
O BOI - Ama os prazeres simples, aqueles que são importantes para a sobrevivência do ser humano: respirar o bom ar, fazer bater bem o sangue, dormir comodamente, beber e comer bem, defender bem o corpo de todos os perigos físicos e caprichar nos atos de excitação, cópula, fecundação, parto, amamentação etc., que visam à continuidade da família humana sobre a terra. (p. 194)
Então, embora tenha praticado os rituais socialmente exigidos que a águia conhece como casamento (e o boi não entende), na Dulcineia vive e treme um leão assustado. (p. 198)
O espaço social e pessoal humano, e a nossa percepção do mesmo, é assunto de um conjunto de observações e teorias da nossa ciência que Edward Hall, um dos seus notáveis pioneiros, batizou de proxemics em inglês; é ciência tão recente que ainda não há palavra simples, corrente em nossa língua, que lhe traduza o sentido. (p. 222)
Só podemos estar livres de estresse quando cada atitude psíquica nossa é acompanhada da sua correspondente atitude física ideal. (p. 223)
Logo nos lembramos da famosa afirmação do filósofo Pascal que dizia: "Ajoelha-te e crerás". Ele queria dizer que a nossa postura física influencia a nossa mente; ao nos ajoelharmos, adquirimos uma atitude mental de prece, de humildade, de introversão, de submissão do todos estes fatores que nos induzem a um comportamento religioso. (p. 265)
A regra é: USE o que você sabe e não se preocupe com a perfeição impossível! (p. 44)
O ser humano está fisiologicamente "afinado" para distinguir entre harmonia e desarmonia. (p. 58)
Mostra as palmas das mãos para cima: Aceitação, concordância. Segundo Dr. A.E. Scheflen, um dos cientistas que estuda essa matéria: "Sempre que uma mulher mostra a palma da mão, está cortejando você - quer ela o saiba ou não". (p. 67)
Talvez "Vida" e "Não Vida" nem sejam definições absolutas; um vírus é "vivo" no sentido de sua capacidade de multiplicar-se e reproduzir a sua própria espécie e nada mais - o primeiro passo do estado inanimado ao animado. É partícula incrivelmente pequena de matéria (por exemplo: o vírus da febre aftosa tem apenas 0.000.000.8 cm de diâmetro; numa única célula de um centésimo de milímetro de diâmetro caberiam mais de 50 milhões de vírus poliomielite).
Contudo, até o vírus sabe "distinguir" (mensagem química que seja, o que é antes classificação do que uma explicação) entre o ambiente favorável ou desfavorável à sua ação reprodutora. (p. 77)
O homem é programado para discernir, mas o hábito de atentar para as ferramentas-símbolos, chamadas palavras, afastou-o da percepção consciente total imediata do "aqui e agora". - Simpatia e antipatia, uma possível capacidade residual deste tipo de percepção. (p. 79)
Lembremo-nos que instintivamente desaprovamos gente que sempre desvia seu olhar do nosso, durante um diálogo, ou que, de mão inerte, não responde ao nosso aperto de mãos com igual aperto! (p. 82)
Observemos sobretudo as extremidades dos membros que passam a expressar nitidamente o tipo de ação imediato desejado pelo leão. (p. 100)
Esta divisão fa energia provavelmente explica por que, nos mais diversos cultos, o jejum e a abstenção sexual são levados em tão alta conta. Desliguem-se as chaves de ignição do boi e do leão e a mente pode receber mais energia. (p. 101)
A mão esquerda dele toma parte nisso - é a "mão do sentimento". A mão direita dele - a mão da ação" - já fala em agir, sugerindo que ela se aproxime mais. (p. 122)
Diz Freud que a ternura é um resultado de sublimação da energia. (p. 123)
Habitue-se, leitor, a perceber a inclinação do corpo das pessoas com quem conversa. Se está inclinado para trás, veja o contexto: pode estar simplesmente relaxando, confortavelmente descansando. (p. 124)
Novidade é o pé ancorado; procure observá-lo quando alguém teima em manter o seu ponto de vista numa discussão. (p. 124)
Se um ser humano está interessado em alguém ou algo, a inclinação do seu corpo tende a mostrar naturalmente esta sua inclinação emocional. (p. 126)
As pessoas que sentem a compulsão de gastar a sua energia em atividades orais (reais ou simbólica) mostram que sua "serpente" ficou fixada no nível do "boi", pois a boca, sendo a extremidade superior do aparelho digestivo, preservador do "pão de cada dia" da sobrevivência física, é um "representante do boi" na cabeça humana. (p. 130)
Como o homem do centro, o da esquerda no desenho também expressa "aguardo" pelo apoio dos cotovelos à mesa. Mas a mão esquerda ("do sentimento") está na boca no gesto receoso que é muito encontrado em pessoas pouco seguras de si e em cuja primeira infância encontramos pais excessivamente severos. (p. 132)
É o alvo fixo de toda uma coleção de regras de conduta ideal para a vida inteira que, desde a infância, nos foi inculcada na águia e guardada no boi e no leão. (p. 171)
Mas o meio e, mais particularmente, a sociedade bloqueiam estes impulsos ou, pelo menos, atrasam a sua descarga: só se pode mamar em certas horas, urinar em certos locais e ter relações sexuais com certas pessoas e em certas condições conhecidas de todos. (p. 173)
Os pais que são os principais agentes de repressão ou adiamento destas descargas passam aos poucos a ser "introjetados", isto é, passamos a assumir nós mesmos o papel deles; eles passam a existir em nós. Em vez de mamãe dizer: "Não defeque nas calças ou não urine na cama", há uma voz interior, que se torna inconsciente, é o que Freud chamou de superego. (p. 173)
Outra coisa importante para você "ler": O "tamanho da escrita" (vigor) e sua "caligrafia" (nitidez). (p. 187)
A ÁGUIA - Ama o raciocínio, o saber, a satisfação da sua curiosidade. (p. 194)
O LEÃO - Ama o sentimento, música, cores, poesia, forma. (p. 194)
O BOI - Ama os prazeres simples, aqueles que são importantes para a sobrevivência do ser humano: respirar o bom ar, fazer bater bem o sangue, dormir comodamente, beber e comer bem, defender bem o corpo de todos os perigos físicos e caprichar nos atos de excitação, cópula, fecundação, parto, amamentação etc., que visam à continuidade da família humana sobre a terra. (p. 194)
Então, embora tenha praticado os rituais socialmente exigidos que a águia conhece como casamento (e o boi não entende), na Dulcineia vive e treme um leão assustado. (p. 198)
O espaço social e pessoal humano, e a nossa percepção do mesmo, é assunto de um conjunto de observações e teorias da nossa ciência que Edward Hall, um dos seus notáveis pioneiros, batizou de proxemics em inglês; é ciência tão recente que ainda não há palavra simples, corrente em nossa língua, que lhe traduza o sentido. (p. 222)
Só podemos estar livres de estresse quando cada atitude psíquica nossa é acompanhada da sua correspondente atitude física ideal. (p. 223)
Logo nos lembramos da famosa afirmação do filósofo Pascal que dizia: "Ajoelha-te e crerás". Ele queria dizer que a nossa postura física influencia a nossa mente; ao nos ajoelharmos, adquirimos uma atitude mental de prece, de humildade, de introversão, de submissão do todos estes fatores que nos induzem a um comportamento religioso. (p. 265)
domingo, 8 de janeiro de 2017
A Carícia Essencial - Viva bem com as pessoas que você ama - Roberto Shinyashiki (1985)
No início de meu treinamento em Análise Transacional, tive a honra de aprender com um dos maiores especialistas da área: um argentino chamado Cecílio Khermam. Certa vez, ele disse uma frase que ficou para sempre em minha memória: "Quando você não estiver entendendo o que está acontecendo com alguém, pense em termos de Carícias". (p. 8)
Desenvolvida pelo psiquiatra canadense Eric Berne, a Análise Transacional traz o conceito de stroke, que significa, ao mesmo tempo, estímulo, toque, Carícia e reconhecimento. Infelizmente, em português, não há uma palavra que traduza a plenitude de seu significado, o que leva algumas pessoas a optarem pelo uso do termo em inglês. (p. 11)
Pensei no rumo que pode tomar a vida de alguém que tem tudo, menos amor. (p. 18)
Quantas vezes, na ânsia de melhorar um projeto, os empresários criam um ambiente no qual os funcionários se sentem sempre incompetentes? É muito triste ver como as pessoas cometem bobagens porque não se sentem valorizadas. (p. 19)
É simples: o segredo de qualquer relacionamento, seja familiar, social, profissional ou mesmo conjugal, é ajudar as pessoas a se sentirem importantes. (p. 21)
Para ter a deliciosa sensação de amar e ser amado, você precisa resolver suas carências e ajudar as pessoas com quem vive em conflito a se sentirem importantes e competentes. Essa é a base de um relacionamento saudável. (p. 22)
Parece até que as pessoas acham que gostar ou admirar alguém dá o direito de ferir o outro. Eu me lembro de uma professora que tive no mestrado em psicologia. Ela me perseguiu por vários anos, mas sempre justificava: "Pego no seu pé porque admiro muito você". Mas será que é preciso ser assim? Será mesmo necessário torturar as pessoas que admiramos? Isso também acontece nas famílias. Parentes queridos se machucam por acreditar que o amor é tanto que o outro aguentará tudo! Quer a verdade? Não aguenta. Mesmo quem aparenta ser uma fortaleza tem seus pontos fracos, seu calcanhar de aquiles. (p. 23)
O mundo é formato por muitos Aquiles modernos, que suportam quase tudo, mas desmoronam quando seu ponto fraco é tocado. (p. 24)
O mecanismo que começa uma discussão costuma ser assim: geralmente, no começo da conversa, ambos precisam provar que são importantes. Em seguida, começam a discussão e um toca o ponto fraco do outro, que desaba, e o embate nunca acaba bem. Os dois saem da briga sentindo-se traídos, desvalorizados. No final, um quer estar o mais longe possível do outro.
A verdade é que as pessoas se deixam machucar porque são carentes de afeto e de reconhecimento, e esse é seu calcanhar de aquiles. Essas carências em geral têm origem lá atrás, na infância. E há pessoas que passam a vida tentando receber o que faltou quando eram crianças. (p. 25)
A carência é a sensação de vazio existencial que se manifesta como tristeza contínua, insegurança, desânimo ou irritabilidade e que provoca a tentativa impulsiva de resolvê-la com outras pessoas, com bens materiais ou reconhecimento. (p. 25)
Há diversos sinais que indicam que você pode estar com a síndrome da carência afetiva: tristeza profunda sem causa aparente, doenças frequentes, repetição de conflitos nos relacionamentos pessoais, afetivos, familiares e/ou profissionais, irritabilidade, agressividade, isolamento permanente, necessidade excessiva de agradar, de ser reconhecido e aprovado, insegurança permanente e autoestima baixa. (p. 26)
Sabe aquela situação em que você se sente bem com as palavras de alguém, pois a mensagem amenizou uma fraqueza que há no seu coração? É justamente nessa hora que abriu espaço para o manipulador. (p. 27)
Um recado para os "Don Juans" e para as "Donas Juanas": no fundo, a sede de conquista também é carência afetiva. (p. 28)
E aqui vale um alerta: não confunda carência afetiva com carência sexual. Há muitos casais que se relacionam muito bem sexualmente, só que a amizade, o amor e a cumplicidade entre eles nunca aconteceu. (p. 28)
"Você só me critica."
"Você não me entende."
"Você não me ajuda na minha carreira."
"Você me desapontou."
Lembre-se bem dessas frases. Elas sempre são usadas por pessoas que se iludiram por achar que alguém resolveria suas carências. Ninguém pode suprir suas carências a não ser você mesmo. (p. 29)
É mais fácil estruturar relacionamentos com pessoas que nos machucam do que ficar sozinho e administrar os próprios monstros. (p. 30)
Tudo começa com o reconhecimento. Todos nós precisamos nos sentir importantes. Na linguagem da Análise Trasacional, chamamos esse reconhecimento de Carícia. (p. 31)
A Carícia é a unidade do reconhecimento humano. As pessoas demonstram que se reconhecem, que se importam umas com as outras, por intermédio da troca de Carícias. Carícias são vitais. São estímulos necessários à vida. (p. 32)
Na mesma experiência, Harlow observou que os macacos criados em solidão apresentaram quadros graves de comportamento: evitavam todo contato social, pareciam sempre amedrontados e tinham uma postura de encolhimento e de abraçar a si mesmos. Se o período de isolamento durasse mais um ano, a situação se tornaria irreversível.
Portanto, a estimulação tátil, além de significar uma troca gostosa e de propiciar sensações de proteção e segurança, fornece material para o indivíduo criar uma identidade. (p. 34)
A estimulação positiva ou negativa, como nos mostra Levine, acelera o funcionamento do sistema glandular suprarrenal, que desempenha papel importantíssimo no comportamento dos animais adultos. Os animais manipulados abrem os olhos mais cedo, desenvolvem a coordenação motora em pouco tempo, tendem a ser significativamente mais pesados ao desmamar e apresentam pelos que crescem com mais rapidez. Têm, ainda, maior resistência a uma injeção de células de leucemia, por um tempo mais longo. (p. 35)
Em lugares onde não há assistência médica, a criança quando está com anemia come terra. E ela não come qualquer terra, mas leva à boca apenas a que tem ferro, que é do que ela precisa. Quando o pai vê o filho fazendo isso, já deduz que ele está com lombrigas, pois é um verme que costuma consumir o ferro do organismo. (p. 36)
Quando criança, você sabe pedir a Carícia de que precisa: amor, carinho, respeito. Quando os pedidos são em vão, a certa altura abrimos mão de pedir as Carícias de que precisamos e começamos a lutar para ter as carícias disponíveis no ambiente, como faz a criança que come terra e a grávida que come a casca da parede. (p. 37)
Sua indiferença pode machucar muito a pessoa que você ama. Sei que você tem muitos afazeres. Sua agenda deve estar tão lotada quanto a minha. Mas é importante você encontrar uma forma de ajudar as pessoas que você ama a se sentir importantes. (p. 38)
Frequentemente, por características de personalidade ou de estilo de vida, os pais não dispensam a atenção necessária aos filhos ou não dão o tipo específico de atenção que eles querem receber. Por exemplo: a criança pode ter recebido muito apoio financeiro, mas queria o pai brincando com ela. (p. 39)
Como Jorge não sabia dar amor, apenas dinheiro, os filhos aprenderam a pedir a ele coisas que o dinheiro podia comprar. Eram essas as Carícias que podiam receber do pai. Quando percebeu que só o procuravam para pedir coisas materiais, Jorge ficou desapontado. Ele queria amor, queria que os filhos dessem uma coisa que não receberam dele. (p. 40)
Antes da cirurgia, essa mulher recebia muita atenção por ser "doente". Com o sucesso da operação, a família e os amigos começaram a lhe dar menos atenção, já que ela não era mais "doente". O marido aceitou um trabalho novo em outra cidade, o filho predileto saíra de casa para morar sozinho e as amigas deixaram de procurá-la para saber do "problema". (p. 42)
O garoto, apesar de inteligente, ia muito mal nos estudos. Vivia trocando de escola e não se adaptava a nenhuma delas. Foi reprovado duas vezes. Sabe em que momento ele tinha um pouco mais de atenção dos pais? Quando eles eram chamados pela escola para conversar sobre seu fraco rendimento. (p. 43)
As Carícias incondicionais são os reconhecimentos pelo que a pessoa é, independentemente do que ela faz. Entender as Carícias incondicionais é importante porque elas são muito poderosas para o bem ou para o mal. Por isso, dizemos que há Carícias incondicionais positivas e negativas.
As carícias incondicionais positivas são elogios que você recebe sem pedir, sem fazer nada. (p. 47)
Já as Carícias incondicionais negativas fazem você se sentir um fardo, trazem mensagens duras e têm alto poder de destruir a autoestima de uma pessoa.
Ou seja, não importa o que tenha feito, você será sempre o vilão da história. (p. 47)
"Depois que você nasceu, minha vida virou um inferno."
"Você destruiu minha vida."
Quando alguém lhe disser uma dessas frases, responda: "Desculpe, mas você é o dono de sua vida. Nem que eu quisesse não teria o poder de fazer isso com você". (p. 48)
As Carícias condicionais são os reconhecimentos pelo que a pessoa faz, benfeito ou malfeito, ou em decorrência de alguma conduta ou realização. Por isso, também, podem ser positivas ou negativas, e sempre vêm com um julgamento de valor: isso é bom, isso é mau. (p. 48)
As Carícias condicionais negativas são importantes, pois são uma referência do que precisamos fazer para melhorar nossas atitudes, principalmente quando são dadas com respeito e vontade de que o outro evolua.
Hoje, muitas pessoas entram em depressão porque se organizam para receber, em sua vida profissional, a maioria das Carícias condicionais pelo que fazem, mas vivem sem receber carícias pelo que são (incondicionais) e ficam com a vida vazia. (p. 49)
As Carícias adequadas são aquelas que nos ajudam a crescer, que nos fornecem meios de desenvolvimento, mesmo que não sejam doces. (p. 50)
Infelizmente, há pessoas que não aceitam críticas, pois querem sempre se sentir o máximo. Com isso, acabam limitando a manifestação dos outros e perdem a chance de aprimorar sua maneira de ser. (p. 50)
Carícias de plástico são as falsas carícias. São aquele tipo muito tóxico de Carícias dadas pelos puxa-sacos e manipuladores. As pessoas que dão esse tipo de Carícias não estão interessadas em ajudar você, mas sim em fazer bem a si mesmas. (p. 51)
Quem deixa um cargo político, por exemplo, percebe claramente o vazio provocado pelo afastamento dos bajuladores. De uma hora para outra, acabam-se os presentes, os tapinhas nas costas. (p. 52)
A Carícia essencial é aquela que consegue curar uma dor incessante, e que é resultado de uma ferida criada lá atrás. É um verdadeiro bálsamo, preciso e fundamental, e de um poder inacreditável. (p. 52)
Para curar essa ferida, só uma Carícia essencial. essa Carícia poderia ser dada por sua mãe, mas também poderia vir de qualquer pessoa que tivesse a sensibilidade de reconhecer e conceber uma frase simples e poderosa: "Eu vejo que você se esforça muito, se empenha muito na educação de seus filhos. Você é uma boa mãe, mesmo trabalhando muito!". (p. 53)
Fomos condicionados a pensar que não podemos dar Carícias abundantes para as pessoas. Como resultado, há famílias em que há pouca troca de Carícias, casais com medo de dar afeto e muitos ambientes, como escolas e empresas, em que o calor humano raramente aparece. (p. 57)
O amor vira moeda de troca. Ninguém mais dá nada a ninguém se não tiver uma contrapartida. (p. 58)
A emoção da entrega é substituída pelo medo de ficar sem algo, de ficar vazio. Isso é miséria afetiva. Se as Carícias são em número limitado e podem acabar... (p. 58)
O resultado é mesquinhez de afeto e relacionamentos pobres. Homens e mulheres assam fome de amor, apesar da abundância de amor que existe nas pessoas. (p. 58)
Não aceite Carícias! A única maneira de receber Carícias é fazer coisas para consegui-las. Não havendo troca, você vai acabar devendo favores, e aí as pessoas vão terminar manipulando-o. É a "mulher-maravilha" que quer dar conta de tudo sozinha (dos filhos, do trabalho, do supermercado) para não depender da mãe, da sogra, do ex-marido, ou o gerente que não aceita ajuda para terminar o trabalho no prazo. Se percebessem que além de não precisar carregar sozinhas o mundo nas costas, fariam os outros sentirem-se importantes por poder ajudar, essas pessoas pediriam ajuda com mais frequência. (p. 59)
Essas situações ocorrem porque nosso organismo procura adaptar-se à situação de agressão. (p. 62)
Geralmente são pessoas que, quando crianças, recebiam muitas Carícias por comportamentos autodesqualificativos. Quando estavam doentes, confusas, raivosas, arrumando problemas, recebiam muitas carícias - mas não por serem elas mesmas, nem agirem saudavelmente. Suas frases prediletas são:
"Você tem que."
"Eu não consigo."
"Você não me entende."
"Eu não sei o que fazer." (p. 64)
Quando criança, depois de muito lutar para receber as Carícias de que necessitava, acabou perdendo a esperança de consegui-las e resolveu "se virar" sozinho.
A partir daí procurou cortar qualquer manifestação de emoção e de necessidades. Estrutura sua vida para manter os outros o mais longe possível, procura não chamar a atenção sobre si e até prefere passar despercebido. (p. 64)
Quando criança, apesar de ter resolvido "se virar" sozinho, não conseguiu manter essa decisão, pois o ambiente em casa era ameaçador.
Então, essa criança aprendeu a ficar na defensiva. Ela considera as pessoas importantes, mas tem medo de se aproximar, de fazer contato. Sente uma apreensão muito grande de que esse medo seja descoberto. (p. 65)
Mas, hoje, podem manter sua "bateria de Carícias" carregada e resolver suas necessidades naturais, para que não procurem todo o tempo repor estímulos que não receberam no passado e seguir repetindo cenas que hoje não acontecem. (p. 66)
Isso acontece muito com pessoas que não se condicionaram a resolver suas dificuldades. É uma forma de procurar um caminho mais simples, porque, às vezes, a relação com o outro está tão complicada que dá medo de enfrentá-la. A terceira pessoa vira uma válvula de escape. (p. 69)
Se você observar, verá que a maioria das pessoas finge ser uma pessoa que não é. Isso não acontece por maldade, mas simplesmente por um condicionamento equivocado.
Na infância, aprendemos a agir de determinada maneira para ganhar Carícias. O tempo passa e continuamos a agir da mesma maneira e não nos damos conta de que não vamos mais receber Carícias por aquilo. Não percebemos que o mundo mudou... (p. 72)
Rapidamente o bebê percebe que não vai ser fácil receber as Carícias de que necessita se agir espontaneamente. Passa então a modificar suas condutas, seus pensamentos e, em consequência, seus sentimentos. (p. 72)
Dar carícias gera mais Carícias. Há quem economize elogios, toques, olhares; economiza até orgasmos (com medo de acabar porque ainda acredita que os tem em quantidade limitada)! (p. 80)
A quantidade de Carícias que a mãe dá ao filho irá influir sobre a autoimagem dele; ao mesmo tempo, sua autoimagem de mãe vai levá-la a dar mais ou menos Carícias ao filho. É como um círculo vicioso: mais amor leva a um sentimento melhor de maternidade, que leva a mais amor, que... (p. 81)
Há pesquisas que mostram que os pais que espancam os filhos quase sempre foram espancados na infância e estão repetindo o comportamento vivido anteriormente. (p. 81)
Em todo relacionamento existem códigos, ou seja, comportamentos que elegemos para nos indicar se estamos sendo amados, odiados, valorizados etc. Você sabe exatamente o que fazer para deixar sua namorada feliz? Você também sabe o que fazer para deixar seu irmão louco da vida com você? Você sabe que faz seu marido se sentir amado?
Conhecendo bem o outro, você pode escolher entre apertar o calcanhar de aquiles dele e afagar o coração dele. Quais escolhas você tem feito? (p. 82)
Dê carícias positivas quando quiser dar. Distribua as Carícias sem medo de ser julgado como um bajulador. (p. 87)
Aceite as Carícias positivas que oferecem. "Você joga muito bem." "Você é linda." "Nossa, como você é inteligente!" Quando você ouve frases como essas, logo vêm à mente pensamentos do tipo: "Ele só diz isso para me deixar contente". Não se deixe dominar por esse tipo de raciocínio, pois essa é uma cilada que corrompe o fluxo de dinâmica de Carícias. (p. 87)
Peça as Carícias positivas de que necessita. Quantas vezes seu orgulho não falou mais alto e você teve pensamentos do tipo: "Eu? Pedir a ele que diga se gostou do meu trabalho? Nem pensar! Se fizer isso, meu chefe vai pensar que estou carente". Abandone essa falsa crença que só faz você ficar solitário, pois ninguém é autossuficiente. Todos precisamos de Carícias e admitir isso não é vergonha, mas um ato de coragem. (p. 88)
Recuse as Carícias negativas que dão a você. Você não é obrigado a aceitar nenhum tipo de atitude que não faça bem a você, mesmo que seja para parecer simpático ou compreensivo com quem faz bullying. (p. 88)
Dê a você mesmo Carícias positivas. Não acredite no mito que a sociedade nos faz engolir: "As pessoas que se elogiam são vazias". Reconhecer as próprias qualidades é um ato de amor consigo mesmo, é dar-se Autocarícias. (p. 88)
Quando casais ficam presos em situações semelhantes, perdem a faculdade de olhar para a realidade de um ângulo verdadeiramente imparcial. A solução de tais situações pode ser encontrada olhando-se para o problema diretamente, com a ajuda de um conselho qualificado, se necessário. E a partir daí reconstruir o caminho da comunicação que ficou danificado pela aspereza desse período infeliz. (p. 90)
Nos dias de hoje, todos concordam que só uma pessoa que está de bem consigo mesma vai conseguir ter relacionamentos saudáveis. (p. 95)
Woody Allen, citando Groucho Marx, começa o filme Annie Hall com a seguinte piada: "Hoje fui aceito como sócio de um clube, mas não vou frequentá-lo jamais. Como posso frequentar um clube que aceita como sócio um sujeito como eu?". (p. 97)
Se estiver com um parceiro ou um amigo, ficará esperando o dia em que esse homem aprontará alguma com ela. Vai procurar a realização dessa crença, para confirmar que estava certa. Na verdade, as pessoas passam a vida coletando dados, situações, observações para provar que suas crenças básicas são verdadeiras.
Isso acontece como naquela história do velho comerciante que viu um jovem estrangeiro entrar em sua loja e, depois de algum tempo, perguntou-lhe como eram as pessoas de seu país. O estrangeiro respondeu: "eram todas hipócritas e mentirosas. Ninguém se suportava, não me arrependo de ter deixado aquele lugar. E aqui, como são as pessoas?". O velho disse: "aqui você vai encontrar pessoas como aquelas que deixou na sua terra". Logo depois, entrou outro estrangeiro e, passado algum tempo, o comerciante faz a mesma pergunta, ouvindo a seguinte resposta: "Ah, as pessoas de minha terra são carinhosas, sensíveis, amigas, muito honestas e leais. Você não sabe a dor do meu coração por ter precisado partir. E aqui, como são as pessoas?". E o sábio comerciante respondeu: "Aqui você vai encontrar pessoas como as que deixou em sua terra". (p. 98)
Mudar é um ato simples, mas há muitas maneiras de complicá-lo. Complicar a mudança é não se comprometer com ela. É se importar demais com o que os outros vão sentir ou pensar em razão da nossa transformação. (p. 103)
A maioria das pessoas quer e necessita ser entendida no seu crescimento. O problema é que muitos relacionamentos são de dependência afetiva. E as acusações ao outro têm origem nos problemas do relacionamento. (p. 104)
Um estudo demonstra que os casais alemães conversam em média trinta minutos por dia, até o segundo ano de matrimônio; depois aproximadamente quinze minutos até o quarto ano e, ao redor do oitavo ano, comunicam-se por frases breves, essenciais, que resultam em menos de um minuto de conversa diária. (p. 104)
Quando queremos que ele se torne estático, é como imaginar que o outro possa parar no tempo - é como tirar uma fotografia e querer que esse retrato dure o resto da vida. (p. 105)
E aumenta mais, até chegar a um desespero em que a pessoa começa a tentar calar a voz da consciência com álcool, comida, sexo, comprimidos para dormir, dançar até ficar exausta. O diálogo interno para por um tempo e depois volta com mais intensidade de tortura. (p. 108)
E, às vezes, uma Autocarícia é mais dolorida do que uma Carícia externa, pois é comandada por nós. Se pretendemos nos punir por algum motivo, seremos para nós mesmos os piores carrascos da face da Terra. (p. 109)
Um exemplo de dar Autocarícias positivas físicas é cuidar do sono. Muita gente dorme mal porque cuida mal do sono. No dia seguinte acorda tensa e cansada. Assim vai ao trabalho, fica tensa e mais cansada, acaba dormindo pior, e assim segue... (p. 113)
Muitas pessoas vivem esperando um "Papai Noel" que lhes traga a felicidade, esquecendo que têm o poder de mudar sua vida! (p. 114)
A cada momento estamos recebendo carga em nossa bateria. Nos dois compartimentos (no positivo e no negativo). É importante saber manter o compartimento positivo carregado em nível satisfatório, porque se ele estiver baixo aumentará a possibilidade de aceitarmos os estímulos negativos. (p. 115)
A nossa carga de carícias é representada pela seguinte fórmula: Carga de Carícias = Carícias familiares + Carícias conjugais + Carícias profissionais + Carícias sociais. (p. 115)
Afinal, uma dificuldade pode ser resolvida com muito sofrimento ou com muita serenidade.
A escolha depende de você. (p. 118)
Sempre que alguém tiver um comportamento pouco produtivo, certamente estará fazendo algo para receber uma Carícia que lhe faz falta. Descobrir e dar aquilo de que essa pessoa precisa é a melhor maneira de esvaziar esse comportamento. (p. 119)
Quando alguém, em qualquer lugar, tiver um comportamento que não faz parte do seu jeito de ser, está é falando bem alto: "Estou precisando me sentir importante para você!". (p. 120)
Quando os pais têm problemas com os filhos adolescentes, decidem tratá-los como se fossem sapos, até que eles resolvam agir como príncipes. Por outro lado, os adolescentes interpretam essa atitude como rejeição e começam a se comportar como se fossem sapos até que os pais voltem a tratá-los como príncipes. (p. 129)
Trate as pessoas como príncipe, mesmo que elas estejam agindo como sapos. De repente, você vai perceber que elas viraram príncipes de novo. (p. 129)
Você é livre!
Pense nisso por alguns segundos: você é livre; tem direito de escolher com quem e como vai viver. Você pode mudar a sua vida.
Você pode estruturar a sua vida do jeito que quiser.
Porque você é livre!
Você é livre para sofrer tudo o que você quiser!
Perceba que a sua liberdade lhe dá condições para sofrer tudo o que você quiser. A cara fechada de seu marido, que está resfriado, pode provocar uma crise conjugal de um mês.
Por causa de uma buzinada no trânsito, você pode se irritar o dia inteiro.
Com a alta do dólar na semana, você entra em depressão profunda.
Porque você é livre!
Nada ou ninguém pode impedir você de sofrer tudo o que você quiser.
Perceba que nem mesmo muito dinheiro pode impedir você de se sentir pobre.
Nem um grande amor pode impedir você de se sentir mal-amado.
Nem muitos amigos podem impedir você de se sentir solitário.
Nem mesmo o sucesso pode impedir você de se sentir um fracasso.
Porque você é livre!
Você só vai parar de sofrer quando quiser.
Perceba que a opção pelo sofrimento é sua.
Quando tiver um problema, pode resolvê-lo e crescer ou se martirizar com ele o resto da vida.
Algumas pessoas decidem estar no mundo para viver, outras para sofrer. E pensam que é seu destino sofrer. Isso é uma ilusão.
Só quando tomar uma decisão você vai parar de sofrer.
Porque você é livre! (p. 130)
Desenvolvida pelo psiquiatra canadense Eric Berne, a Análise Transacional traz o conceito de stroke, que significa, ao mesmo tempo, estímulo, toque, Carícia e reconhecimento. Infelizmente, em português, não há uma palavra que traduza a plenitude de seu significado, o que leva algumas pessoas a optarem pelo uso do termo em inglês. (p. 11)
Pensei no rumo que pode tomar a vida de alguém que tem tudo, menos amor. (p. 18)
Quantas vezes, na ânsia de melhorar um projeto, os empresários criam um ambiente no qual os funcionários se sentem sempre incompetentes? É muito triste ver como as pessoas cometem bobagens porque não se sentem valorizadas. (p. 19)
É simples: o segredo de qualquer relacionamento, seja familiar, social, profissional ou mesmo conjugal, é ajudar as pessoas a se sentirem importantes. (p. 21)
Para ter a deliciosa sensação de amar e ser amado, você precisa resolver suas carências e ajudar as pessoas com quem vive em conflito a se sentirem importantes e competentes. Essa é a base de um relacionamento saudável. (p. 22)
Parece até que as pessoas acham que gostar ou admirar alguém dá o direito de ferir o outro. Eu me lembro de uma professora que tive no mestrado em psicologia. Ela me perseguiu por vários anos, mas sempre justificava: "Pego no seu pé porque admiro muito você". Mas será que é preciso ser assim? Será mesmo necessário torturar as pessoas que admiramos? Isso também acontece nas famílias. Parentes queridos se machucam por acreditar que o amor é tanto que o outro aguentará tudo! Quer a verdade? Não aguenta. Mesmo quem aparenta ser uma fortaleza tem seus pontos fracos, seu calcanhar de aquiles. (p. 23)
O mundo é formato por muitos Aquiles modernos, que suportam quase tudo, mas desmoronam quando seu ponto fraco é tocado. (p. 24)
O mecanismo que começa uma discussão costuma ser assim: geralmente, no começo da conversa, ambos precisam provar que são importantes. Em seguida, começam a discussão e um toca o ponto fraco do outro, que desaba, e o embate nunca acaba bem. Os dois saem da briga sentindo-se traídos, desvalorizados. No final, um quer estar o mais longe possível do outro.
A verdade é que as pessoas se deixam machucar porque são carentes de afeto e de reconhecimento, e esse é seu calcanhar de aquiles. Essas carências em geral têm origem lá atrás, na infância. E há pessoas que passam a vida tentando receber o que faltou quando eram crianças. (p. 25)
A carência é a sensação de vazio existencial que se manifesta como tristeza contínua, insegurança, desânimo ou irritabilidade e que provoca a tentativa impulsiva de resolvê-la com outras pessoas, com bens materiais ou reconhecimento. (p. 25)
Há diversos sinais que indicam que você pode estar com a síndrome da carência afetiva: tristeza profunda sem causa aparente, doenças frequentes, repetição de conflitos nos relacionamentos pessoais, afetivos, familiares e/ou profissionais, irritabilidade, agressividade, isolamento permanente, necessidade excessiva de agradar, de ser reconhecido e aprovado, insegurança permanente e autoestima baixa. (p. 26)
Sabe aquela situação em que você se sente bem com as palavras de alguém, pois a mensagem amenizou uma fraqueza que há no seu coração? É justamente nessa hora que abriu espaço para o manipulador. (p. 27)
Um recado para os "Don Juans" e para as "Donas Juanas": no fundo, a sede de conquista também é carência afetiva. (p. 28)
E aqui vale um alerta: não confunda carência afetiva com carência sexual. Há muitos casais que se relacionam muito bem sexualmente, só que a amizade, o amor e a cumplicidade entre eles nunca aconteceu. (p. 28)
"Você só me critica."
"Você não me entende."
"Você não me ajuda na minha carreira."
"Você me desapontou."
Lembre-se bem dessas frases. Elas sempre são usadas por pessoas que se iludiram por achar que alguém resolveria suas carências. Ninguém pode suprir suas carências a não ser você mesmo. (p. 29)
É mais fácil estruturar relacionamentos com pessoas que nos machucam do que ficar sozinho e administrar os próprios monstros. (p. 30)
Tudo começa com o reconhecimento. Todos nós precisamos nos sentir importantes. Na linguagem da Análise Trasacional, chamamos esse reconhecimento de Carícia. (p. 31)
A Carícia é a unidade do reconhecimento humano. As pessoas demonstram que se reconhecem, que se importam umas com as outras, por intermédio da troca de Carícias. Carícias são vitais. São estímulos necessários à vida. (p. 32)
Na mesma experiência, Harlow observou que os macacos criados em solidão apresentaram quadros graves de comportamento: evitavam todo contato social, pareciam sempre amedrontados e tinham uma postura de encolhimento e de abraçar a si mesmos. Se o período de isolamento durasse mais um ano, a situação se tornaria irreversível.
Portanto, a estimulação tátil, além de significar uma troca gostosa e de propiciar sensações de proteção e segurança, fornece material para o indivíduo criar uma identidade. (p. 34)
A estimulação positiva ou negativa, como nos mostra Levine, acelera o funcionamento do sistema glandular suprarrenal, que desempenha papel importantíssimo no comportamento dos animais adultos. Os animais manipulados abrem os olhos mais cedo, desenvolvem a coordenação motora em pouco tempo, tendem a ser significativamente mais pesados ao desmamar e apresentam pelos que crescem com mais rapidez. Têm, ainda, maior resistência a uma injeção de células de leucemia, por um tempo mais longo. (p. 35)
Em lugares onde não há assistência médica, a criança quando está com anemia come terra. E ela não come qualquer terra, mas leva à boca apenas a que tem ferro, que é do que ela precisa. Quando o pai vê o filho fazendo isso, já deduz que ele está com lombrigas, pois é um verme que costuma consumir o ferro do organismo. (p. 36)
Quando criança, você sabe pedir a Carícia de que precisa: amor, carinho, respeito. Quando os pedidos são em vão, a certa altura abrimos mão de pedir as Carícias de que precisamos e começamos a lutar para ter as carícias disponíveis no ambiente, como faz a criança que come terra e a grávida que come a casca da parede. (p. 37)
Sua indiferença pode machucar muito a pessoa que você ama. Sei que você tem muitos afazeres. Sua agenda deve estar tão lotada quanto a minha. Mas é importante você encontrar uma forma de ajudar as pessoas que você ama a se sentir importantes. (p. 38)
Frequentemente, por características de personalidade ou de estilo de vida, os pais não dispensam a atenção necessária aos filhos ou não dão o tipo específico de atenção que eles querem receber. Por exemplo: a criança pode ter recebido muito apoio financeiro, mas queria o pai brincando com ela. (p. 39)
Como Jorge não sabia dar amor, apenas dinheiro, os filhos aprenderam a pedir a ele coisas que o dinheiro podia comprar. Eram essas as Carícias que podiam receber do pai. Quando percebeu que só o procuravam para pedir coisas materiais, Jorge ficou desapontado. Ele queria amor, queria que os filhos dessem uma coisa que não receberam dele. (p. 40)
Antes da cirurgia, essa mulher recebia muita atenção por ser "doente". Com o sucesso da operação, a família e os amigos começaram a lhe dar menos atenção, já que ela não era mais "doente". O marido aceitou um trabalho novo em outra cidade, o filho predileto saíra de casa para morar sozinho e as amigas deixaram de procurá-la para saber do "problema". (p. 42)
O garoto, apesar de inteligente, ia muito mal nos estudos. Vivia trocando de escola e não se adaptava a nenhuma delas. Foi reprovado duas vezes. Sabe em que momento ele tinha um pouco mais de atenção dos pais? Quando eles eram chamados pela escola para conversar sobre seu fraco rendimento. (p. 43)
As Carícias incondicionais são os reconhecimentos pelo que a pessoa é, independentemente do que ela faz. Entender as Carícias incondicionais é importante porque elas são muito poderosas para o bem ou para o mal. Por isso, dizemos que há Carícias incondicionais positivas e negativas.
As carícias incondicionais positivas são elogios que você recebe sem pedir, sem fazer nada. (p. 47)
Já as Carícias incondicionais negativas fazem você se sentir um fardo, trazem mensagens duras e têm alto poder de destruir a autoestima de uma pessoa.
Ou seja, não importa o que tenha feito, você será sempre o vilão da história. (p. 47)
"Depois que você nasceu, minha vida virou um inferno."
"Você destruiu minha vida."
Quando alguém lhe disser uma dessas frases, responda: "Desculpe, mas você é o dono de sua vida. Nem que eu quisesse não teria o poder de fazer isso com você". (p. 48)
As Carícias condicionais são os reconhecimentos pelo que a pessoa faz, benfeito ou malfeito, ou em decorrência de alguma conduta ou realização. Por isso, também, podem ser positivas ou negativas, e sempre vêm com um julgamento de valor: isso é bom, isso é mau. (p. 48)
As Carícias condicionais negativas são importantes, pois são uma referência do que precisamos fazer para melhorar nossas atitudes, principalmente quando são dadas com respeito e vontade de que o outro evolua.
Hoje, muitas pessoas entram em depressão porque se organizam para receber, em sua vida profissional, a maioria das Carícias condicionais pelo que fazem, mas vivem sem receber carícias pelo que são (incondicionais) e ficam com a vida vazia. (p. 49)
As Carícias adequadas são aquelas que nos ajudam a crescer, que nos fornecem meios de desenvolvimento, mesmo que não sejam doces. (p. 50)
Infelizmente, há pessoas que não aceitam críticas, pois querem sempre se sentir o máximo. Com isso, acabam limitando a manifestação dos outros e perdem a chance de aprimorar sua maneira de ser. (p. 50)
Carícias de plástico são as falsas carícias. São aquele tipo muito tóxico de Carícias dadas pelos puxa-sacos e manipuladores. As pessoas que dão esse tipo de Carícias não estão interessadas em ajudar você, mas sim em fazer bem a si mesmas. (p. 51)
Quem deixa um cargo político, por exemplo, percebe claramente o vazio provocado pelo afastamento dos bajuladores. De uma hora para outra, acabam-se os presentes, os tapinhas nas costas. (p. 52)
A Carícia essencial é aquela que consegue curar uma dor incessante, e que é resultado de uma ferida criada lá atrás. É um verdadeiro bálsamo, preciso e fundamental, e de um poder inacreditável. (p. 52)
Para curar essa ferida, só uma Carícia essencial. essa Carícia poderia ser dada por sua mãe, mas também poderia vir de qualquer pessoa que tivesse a sensibilidade de reconhecer e conceber uma frase simples e poderosa: "Eu vejo que você se esforça muito, se empenha muito na educação de seus filhos. Você é uma boa mãe, mesmo trabalhando muito!". (p. 53)
Fomos condicionados a pensar que não podemos dar Carícias abundantes para as pessoas. Como resultado, há famílias em que há pouca troca de Carícias, casais com medo de dar afeto e muitos ambientes, como escolas e empresas, em que o calor humano raramente aparece. (p. 57)
O amor vira moeda de troca. Ninguém mais dá nada a ninguém se não tiver uma contrapartida. (p. 58)
A emoção da entrega é substituída pelo medo de ficar sem algo, de ficar vazio. Isso é miséria afetiva. Se as Carícias são em número limitado e podem acabar... (p. 58)
O resultado é mesquinhez de afeto e relacionamentos pobres. Homens e mulheres assam fome de amor, apesar da abundância de amor que existe nas pessoas. (p. 58)
Não aceite Carícias! A única maneira de receber Carícias é fazer coisas para consegui-las. Não havendo troca, você vai acabar devendo favores, e aí as pessoas vão terminar manipulando-o. É a "mulher-maravilha" que quer dar conta de tudo sozinha (dos filhos, do trabalho, do supermercado) para não depender da mãe, da sogra, do ex-marido, ou o gerente que não aceita ajuda para terminar o trabalho no prazo. Se percebessem que além de não precisar carregar sozinhas o mundo nas costas, fariam os outros sentirem-se importantes por poder ajudar, essas pessoas pediriam ajuda com mais frequência. (p. 59)
Essas situações ocorrem porque nosso organismo procura adaptar-se à situação de agressão. (p. 62)
Geralmente são pessoas que, quando crianças, recebiam muitas Carícias por comportamentos autodesqualificativos. Quando estavam doentes, confusas, raivosas, arrumando problemas, recebiam muitas carícias - mas não por serem elas mesmas, nem agirem saudavelmente. Suas frases prediletas são:
"Você tem que."
"Eu não consigo."
"Você não me entende."
"Eu não sei o que fazer." (p. 64)
Quando criança, depois de muito lutar para receber as Carícias de que necessitava, acabou perdendo a esperança de consegui-las e resolveu "se virar" sozinho.
A partir daí procurou cortar qualquer manifestação de emoção e de necessidades. Estrutura sua vida para manter os outros o mais longe possível, procura não chamar a atenção sobre si e até prefere passar despercebido. (p. 64)
Quando criança, apesar de ter resolvido "se virar" sozinho, não conseguiu manter essa decisão, pois o ambiente em casa era ameaçador.
Então, essa criança aprendeu a ficar na defensiva. Ela considera as pessoas importantes, mas tem medo de se aproximar, de fazer contato. Sente uma apreensão muito grande de que esse medo seja descoberto. (p. 65)
Mas, hoje, podem manter sua "bateria de Carícias" carregada e resolver suas necessidades naturais, para que não procurem todo o tempo repor estímulos que não receberam no passado e seguir repetindo cenas que hoje não acontecem. (p. 66)
Isso acontece muito com pessoas que não se condicionaram a resolver suas dificuldades. É uma forma de procurar um caminho mais simples, porque, às vezes, a relação com o outro está tão complicada que dá medo de enfrentá-la. A terceira pessoa vira uma válvula de escape. (p. 69)
Se você observar, verá que a maioria das pessoas finge ser uma pessoa que não é. Isso não acontece por maldade, mas simplesmente por um condicionamento equivocado.
Na infância, aprendemos a agir de determinada maneira para ganhar Carícias. O tempo passa e continuamos a agir da mesma maneira e não nos damos conta de que não vamos mais receber Carícias por aquilo. Não percebemos que o mundo mudou... (p. 72)
Rapidamente o bebê percebe que não vai ser fácil receber as Carícias de que necessita se agir espontaneamente. Passa então a modificar suas condutas, seus pensamentos e, em consequência, seus sentimentos. (p. 72)
Dar carícias gera mais Carícias. Há quem economize elogios, toques, olhares; economiza até orgasmos (com medo de acabar porque ainda acredita que os tem em quantidade limitada)! (p. 80)
A quantidade de Carícias que a mãe dá ao filho irá influir sobre a autoimagem dele; ao mesmo tempo, sua autoimagem de mãe vai levá-la a dar mais ou menos Carícias ao filho. É como um círculo vicioso: mais amor leva a um sentimento melhor de maternidade, que leva a mais amor, que... (p. 81)
Há pesquisas que mostram que os pais que espancam os filhos quase sempre foram espancados na infância e estão repetindo o comportamento vivido anteriormente. (p. 81)
Em todo relacionamento existem códigos, ou seja, comportamentos que elegemos para nos indicar se estamos sendo amados, odiados, valorizados etc. Você sabe exatamente o que fazer para deixar sua namorada feliz? Você também sabe o que fazer para deixar seu irmão louco da vida com você? Você sabe que faz seu marido se sentir amado?
Conhecendo bem o outro, você pode escolher entre apertar o calcanhar de aquiles dele e afagar o coração dele. Quais escolhas você tem feito? (p. 82)
Dê carícias positivas quando quiser dar. Distribua as Carícias sem medo de ser julgado como um bajulador. (p. 87)
Aceite as Carícias positivas que oferecem. "Você joga muito bem." "Você é linda." "Nossa, como você é inteligente!" Quando você ouve frases como essas, logo vêm à mente pensamentos do tipo: "Ele só diz isso para me deixar contente". Não se deixe dominar por esse tipo de raciocínio, pois essa é uma cilada que corrompe o fluxo de dinâmica de Carícias. (p. 87)
Peça as Carícias positivas de que necessita. Quantas vezes seu orgulho não falou mais alto e você teve pensamentos do tipo: "Eu? Pedir a ele que diga se gostou do meu trabalho? Nem pensar! Se fizer isso, meu chefe vai pensar que estou carente". Abandone essa falsa crença que só faz você ficar solitário, pois ninguém é autossuficiente. Todos precisamos de Carícias e admitir isso não é vergonha, mas um ato de coragem. (p. 88)
Recuse as Carícias negativas que dão a você. Você não é obrigado a aceitar nenhum tipo de atitude que não faça bem a você, mesmo que seja para parecer simpático ou compreensivo com quem faz bullying. (p. 88)
Dê a você mesmo Carícias positivas. Não acredite no mito que a sociedade nos faz engolir: "As pessoas que se elogiam são vazias". Reconhecer as próprias qualidades é um ato de amor consigo mesmo, é dar-se Autocarícias. (p. 88)
Quando casais ficam presos em situações semelhantes, perdem a faculdade de olhar para a realidade de um ângulo verdadeiramente imparcial. A solução de tais situações pode ser encontrada olhando-se para o problema diretamente, com a ajuda de um conselho qualificado, se necessário. E a partir daí reconstruir o caminho da comunicação que ficou danificado pela aspereza desse período infeliz. (p. 90)
Nos dias de hoje, todos concordam que só uma pessoa que está de bem consigo mesma vai conseguir ter relacionamentos saudáveis. (p. 95)
Woody Allen, citando Groucho Marx, começa o filme Annie Hall com a seguinte piada: "Hoje fui aceito como sócio de um clube, mas não vou frequentá-lo jamais. Como posso frequentar um clube que aceita como sócio um sujeito como eu?". (p. 97)
Se estiver com um parceiro ou um amigo, ficará esperando o dia em que esse homem aprontará alguma com ela. Vai procurar a realização dessa crença, para confirmar que estava certa. Na verdade, as pessoas passam a vida coletando dados, situações, observações para provar que suas crenças básicas são verdadeiras.
Isso acontece como naquela história do velho comerciante que viu um jovem estrangeiro entrar em sua loja e, depois de algum tempo, perguntou-lhe como eram as pessoas de seu país. O estrangeiro respondeu: "eram todas hipócritas e mentirosas. Ninguém se suportava, não me arrependo de ter deixado aquele lugar. E aqui, como são as pessoas?". O velho disse: "aqui você vai encontrar pessoas como aquelas que deixou na sua terra". Logo depois, entrou outro estrangeiro e, passado algum tempo, o comerciante faz a mesma pergunta, ouvindo a seguinte resposta: "Ah, as pessoas de minha terra são carinhosas, sensíveis, amigas, muito honestas e leais. Você não sabe a dor do meu coração por ter precisado partir. E aqui, como são as pessoas?". E o sábio comerciante respondeu: "Aqui você vai encontrar pessoas como as que deixou em sua terra". (p. 98)
Mudar é um ato simples, mas há muitas maneiras de complicá-lo. Complicar a mudança é não se comprometer com ela. É se importar demais com o que os outros vão sentir ou pensar em razão da nossa transformação. (p. 103)
A maioria das pessoas quer e necessita ser entendida no seu crescimento. O problema é que muitos relacionamentos são de dependência afetiva. E as acusações ao outro têm origem nos problemas do relacionamento. (p. 104)
Um estudo demonstra que os casais alemães conversam em média trinta minutos por dia, até o segundo ano de matrimônio; depois aproximadamente quinze minutos até o quarto ano e, ao redor do oitavo ano, comunicam-se por frases breves, essenciais, que resultam em menos de um minuto de conversa diária. (p. 104)
Quando queremos que ele se torne estático, é como imaginar que o outro possa parar no tempo - é como tirar uma fotografia e querer que esse retrato dure o resto da vida. (p. 105)
E aumenta mais, até chegar a um desespero em que a pessoa começa a tentar calar a voz da consciência com álcool, comida, sexo, comprimidos para dormir, dançar até ficar exausta. O diálogo interno para por um tempo e depois volta com mais intensidade de tortura. (p. 108)
E, às vezes, uma Autocarícia é mais dolorida do que uma Carícia externa, pois é comandada por nós. Se pretendemos nos punir por algum motivo, seremos para nós mesmos os piores carrascos da face da Terra. (p. 109)
Um exemplo de dar Autocarícias positivas físicas é cuidar do sono. Muita gente dorme mal porque cuida mal do sono. No dia seguinte acorda tensa e cansada. Assim vai ao trabalho, fica tensa e mais cansada, acaba dormindo pior, e assim segue... (p. 113)
Muitas pessoas vivem esperando um "Papai Noel" que lhes traga a felicidade, esquecendo que têm o poder de mudar sua vida! (p. 114)
A cada momento estamos recebendo carga em nossa bateria. Nos dois compartimentos (no positivo e no negativo). É importante saber manter o compartimento positivo carregado em nível satisfatório, porque se ele estiver baixo aumentará a possibilidade de aceitarmos os estímulos negativos. (p. 115)
A nossa carga de carícias é representada pela seguinte fórmula: Carga de Carícias = Carícias familiares + Carícias conjugais + Carícias profissionais + Carícias sociais. (p. 115)
Afinal, uma dificuldade pode ser resolvida com muito sofrimento ou com muita serenidade.
A escolha depende de você. (p. 118)
Sempre que alguém tiver um comportamento pouco produtivo, certamente estará fazendo algo para receber uma Carícia que lhe faz falta. Descobrir e dar aquilo de que essa pessoa precisa é a melhor maneira de esvaziar esse comportamento. (p. 119)
Quando alguém, em qualquer lugar, tiver um comportamento que não faz parte do seu jeito de ser, está é falando bem alto: "Estou precisando me sentir importante para você!". (p. 120)
Quando os pais têm problemas com os filhos adolescentes, decidem tratá-los como se fossem sapos, até que eles resolvam agir como príncipes. Por outro lado, os adolescentes interpretam essa atitude como rejeição e começam a se comportar como se fossem sapos até que os pais voltem a tratá-los como príncipes. (p. 129)
Trate as pessoas como príncipe, mesmo que elas estejam agindo como sapos. De repente, você vai perceber que elas viraram príncipes de novo. (p. 129)
Você é livre!
Pense nisso por alguns segundos: você é livre; tem direito de escolher com quem e como vai viver. Você pode mudar a sua vida.
Você pode estruturar a sua vida do jeito que quiser.
Porque você é livre!
Você é livre para sofrer tudo o que você quiser!
Perceba que a sua liberdade lhe dá condições para sofrer tudo o que você quiser. A cara fechada de seu marido, que está resfriado, pode provocar uma crise conjugal de um mês.
Por causa de uma buzinada no trânsito, você pode se irritar o dia inteiro.
Com a alta do dólar na semana, você entra em depressão profunda.
Porque você é livre!
Nada ou ninguém pode impedir você de sofrer tudo o que você quiser.
Perceba que nem mesmo muito dinheiro pode impedir você de se sentir pobre.
Nem um grande amor pode impedir você de se sentir mal-amado.
Nem muitos amigos podem impedir você de se sentir solitário.
Nem mesmo o sucesso pode impedir você de se sentir um fracasso.
Porque você é livre!
Você só vai parar de sofrer quando quiser.
Perceba que a opção pelo sofrimento é sua.
Quando tiver um problema, pode resolvê-lo e crescer ou se martirizar com ele o resto da vida.
Algumas pessoas decidem estar no mundo para viver, outras para sofrer. E pensam que é seu destino sofrer. Isso é uma ilusão.
Só quando tomar uma decisão você vai parar de sofrer.
Porque você é livre! (p. 130)
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