Foi solicitado que eu apresentasse um Plano de Estratégia de Marketing numa transportadora iniciante e de pequeno porte, amanhã. Acabei de preparar:
ESTRATÉGIA
DE MARKETING
TRANSPORTADORA XXXXXX LTDA
Em
um momento de crise, como o que atravessamos atualmente, a melhor se
não a única, maneira de enfrentar a concorrência e angariar
clientes novos, é através do preço.
Existem
e sempre existirão empresas que primam pela qualidade do serviço, e
que não se importam de pagar um pouco mais por um trabalho bem
prestado, mas em momentos que a própria existência da empresa está
em perigo, o preço fala mais alto.
Ideal
seria oferecer preço baixo e qualidade boa, mas nem sempre isso é
possível.
Levando
em conta o que foi ponderado acima, a melhor maneira de aumentar a
clientela nas condições críticas do momento, seria apresentando
uma tabela atrativa.
Composição
da tabela
Concorrer
com uma tabela atrativa não significa verificar o preço que o
almejado cliente já paga e baixá-la em certa porcentagem. Isso pode
ser bastante nocivo para a sua empresa. Acredite, eu já muita gente
se prejudicar fazendo isso.
A
composição da tabela depende de vários fatores que influenciam na
estrutura da empresa.
Para
compor uma tabela que não vá trazer prejuízo à transportadora é
preciso levar em conta:
-
Todas as despesas que a empresa tem mensalmente, como: aluguel,
combustível, pagamento de pedágios, contas de energia e
abastecimento de água, internet, telefone, celulares, folha de
pagamento, materiais de escritório e de limpeza, manutenção dos
veículos, fundo de reserva, retirada de sócios, impostos recolhidos
(ICMS, ISS, IPTU, IPVA, IRPJ,...), etc.
-
Os veículos que a empresa possui e a capacidade média de peso, de
cada um deles. Não deve ser considerada a capacidade máxima, pois
nem sempre ela poderá ser atingida, especialmente num momento de
crise. Portanto entre 70% e 80% da capacidade de carga acho bastante
realista de se considerar.
-
Uma fórmula deve ser aplicada, que vai considerar o total das
despesas, distribuído pela capacidade de carga dos veículos da
empresa e pela quantidade de viagens que esses veículos podem fazer.
Chega-se, então, ao frete-peso bruto que sua empresa necessita (não
considerando aí o lucro).
-
Toda carga transportada tem a garantia de chegar ilesa ao seu
destino. Para isso, algumas empresas contratam os serviços de uma
companhia de seguros, algumas bancam o seguro da mercadoria. Deve-se
incluir na tabela, portanto, um valor de seguro. Caso haja uma
companhia de seguros contratada, deve-se cobrar do cliente um valor
proporcional ao pago como prêmio à seguradora. Caso o transportador
responsabilize-se pela indenização de mercadorias danificadas, é
preciso fixar uma porcentagem do valor da mercadoria que será
transportada, que pode ser de 0,5%. O valor apurado com esta taxa não
deve ser usado para pagar as contas comuns da empresa nem ser
considerado lucro. Deve ser aplicado em uma conta, pois assim estará
disponível caso haja uma mercadoria danificada. Afinal, para pagar
uma mercadoria danificada, é preciso se transportar 200 outras do
mesmo valor, que cheguem ilesas.
-
Caso não queira incluir o pedágio no frete-peso, ele pode ser
incluído separadamente, assim, para um veículo que for entregar em
várias cidades diferentes, cada cliente pagará somente pelos
pedágios que houverem até o seu destino, e não por todos até o
destino final do veículo.
-
É possível incluir uma taxa de coleta, caso esta seja feita. Para
se chegar ao valor da taxa de coleta é preciso que se use a mesma
fórmula do cálculo do frete-peso: somar as despesas com a coleta e
dividir pela capacidade/frequência do veículo.
-
Ao chegar ao valor final de suas necessidades, faz-se necessário
então, verificar se esta tabela é compatível com os preços
aplicados por empresas concorrentes e do mesmo porte (valores de
mercado). Caso a tabela que você compôs esteja abaixo da aplicada
no mercado, é possível incluir uma margem de lucro, desde que os
preços se mantenham atrativos aos clientes (ou seja, um pouco abaixo
dos concorrentes). Caso sua tabela fique acima da utilizada no
mercado, é preciso que se revejam as despesas e se pense em
contenção de gastos.
Abordagem
ao cliente
Com
uma tabela competitiva em mãos, chega a hora de abordar os clientes
pretendidos. Mas quem são esses clientes?
Transporte
é um meio muito diversificado. Existem transportadoras de
combustível, de cargas perigosas, de veículos, de produtos
alimentícios, de produtos frigoríficos, de mudanças, de cargas
pesadas, de cargas fracionadas, de cargas expressas, etc.
Portanto,
neste ponto é preciso que se identifique o tipo de cliente que
melhor se adapta ao seu segmento de transporte. Uma indústria de
colchões, ou uma indústria de rolamentos? O que se adapta melhor
aos seus veículos, cimento e tijolos ou roupas de uma confecção?
Identificado
o cliente que melhor se adapta à estrutura de sua transportadora, é
preciso descobrir estes clientes, saber quem são, onde estão e como
se comunicar com eles. O Google é uma boa ferramenta neste momento,
pois pode te indicar os clientes que estão na sua cidade, qual o
potencial deles, e ainda, como se comunicar com eles, afinal todo
site tem, pelo menos, o telefone da empresa.
O
passo seguinte é entrar em contato com o responsável pela expedição
de mercadorias e marcar um horário para que o representante de sua
empresa possa fazer uma apresentação das vantagens que você pode
oferecer a este cliente. Lembre-se que esta vantagem tem que ser boa
o bastante para fazer com que ele mude o esquema de trabalho dele e
arrisque utilizar os serviços de uma empresa que ele ainda não
conhece.
Manutenção
do cliente
Passada
a difícil fase de angariar o cliente e fazer com que ele confie em
você, faz-se necessário que se fidelize este cliente.
Para
isso é importante que se conheça as necessidades particulares de
cada cliente e tente-se adaptar essas necessidades ao bom andamento
do trabalho da transportadora.
Se
você tiver um cliente que precisa de uma coleta na zona Sul às 16
horas, não adianta deslocar um veículo que se encontra na zona
Norte com cinco coletas a serem feitas. As necessidades do cliente
devem ser consideradas, desde que não traga prejuízo a outros e a
empresa. Porém, com planejamento e habilidade, é bem possível
atender às necessidades da maioria dos clientes, que, dentro do
mesmo segmento, costumam ser bastante parecidas.
Iniciativas
como premiação e brindes também podem ser consideradas para a
fidelização do cliente. “Um frete grátis a cada 50 pagos” é
um exemplo, porém esse um frete que não será pago deve ser
considerado na hora de calcular as despesas totais da empresa, caso
contrário, a iniciativa pode trazer prejuízo ao invés de lucro.
Antes de pensar em promoções é preciso analisar-se muito bem a
situação da empresa e o resultado que se espera dessa promoção.
Fixar
a marca
Fixar
a marca também é importante. Para uma empresa pequena é bem
possível fazer isso estampando a logomarca da empresa nos veículos,
utilizado uniformes personalizados, pintando a logo nas paredes e
porta do depósito.
O
colaborador
Parte
importante da fidelização do cliente é o contato que ele terá com
a transportadora ao longo do tempo que utilizar seus serviços. E
este contato nem sempre será com a pessoa que lhe ofereceu os
serviços e as vantagens na apresentação citada acima.
É
importante, portanto, que todos os colaboradores sejam orientados
sobre a importância do bom
atendimento ao cliente para
uma empresa.
Com
um cliente satisfeito você poderá ganhar mais uns 10 clientes, mas
com um cliente insatisfeito você poderá perder 100 outros clientes.
A
maioria das pessoas não entende como funciona o transporte de
mercadorias. Quando você compra um pacote de arroz no supermercado,
você não pensa em como ele chegou ali. Ninguém
pensa!
O
colaborador que irá atender o cliente de transporte deve ser
paciente, pois, talvez, ele tenha que explicar dezenas de vezes por
dia como funciona o
transporte de mercadorias, ou até que
é impossível fazer algo que o cliente pede. E não é má vontade,
é que é impossível
mesmo. Mas para isso, talvez, tenha que explicar todos os meandros do
trabalho, e isso requer muita paciência e gentileza.
O
cliente de transporte nem sempre é uma senhora fina que encomendou
uma jóia. Ás vezes é um agricultor que está com o trator parado,
esperando uma peça, e perdendo dinheiro. Por isso é preciso muito
tato dos colaboradores que terão contato com o cliente. Caso
contrário, corre-se
o risco de ter
todo o trabalho realizado para angariar este
cliente escorrendo
por água abaixo.
E
reconquistar um cliente perdido, especialmente se ele foi perdido por
insatisfação com o trabalho realizado, é 100 vezes mais difícil
do que conquistar um cliente novo.
Fundo
de reserva
É
importante que a empresa mantenha um fundo com o qual possa lidar com
imprevistos. Por melhor que uma empresa seja administrada,
imprevistos sempre acontecem. Dependendo da dimensão do imprevisto,
ele pode levar a empresa à falência.
Um
acidente, um problema de saúde, leis implantadas que tragam revés
ao bom desenvolvimento do trabalho (como implantação de rodízio e mudanças nos limites de velocidade),
são imprevistos que não
abalam tanto
aqueles que estão, de alguma maneira, preparados para eles.
O
ideal e o real
Tudo
o que foi apresentado aqui representa o ideal de parte do
funcionamento de uma empresa. O que puder ser mantido dentro desse
esquema, é ótimo, porque o administrador não terá muita dor de
cabeça.
Mas
nem sempre, ou quase nunca, o ideal acontece, portanto, entra aqui o
talento do administrador em adaptar as situações para que elas
possam chegar o mais próximo possível desse ideal.
Para
administrar uma empresa de transporte é preciso ter muito jogo de
cintura e pés no chão.
Por
que o plano era de marketing, mas abordou outros assuntos? Porque numa empresa de sucesso, administração, operação e marketing andam de mão
dadas.
Obrigada
pela oportunidade,
Elaine
Maria Salmistraro
18/02/2017
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