Apenas as crianças enxergam a verdade e se fiam naquilo que veem: elas distinguem os gestos de aceitação dos de recusa, os de abertura dos de fechamento. (p. 8)
"A palavra foi dada ao homem para ocultar o seu pensamento", escreveu Mirabeau. (p. 8)
Se o nosso gato sacode a cauda nervosamente, logo compreendemos que ele prefere ser deixado em paz, mas se um amigo, balançando nervosamente o pé, nos diz "está tudo bem", acreditamos em suas palavras. (p. 8)
Uma das leis psicológicas de Roberto Assagioli, fundador da psicossíntese, afirma: "as posturas, os movimentos e as ações tendem a evocar as imagens e ideias correspondentes. Isso quer dizer que se falamos com voz áspera e nos comportamos como se estivéssemos enfurecidos, terminamos por assim nos tornar, de fato. Sabe quando crianças brincam de guerra e fingem ser inimigos e, num certo momento, acabam por lutar de verdade? (p. 10)
Estudos muito aprofundados calcularam que, numa comunicação interpessoal, a mensagem é transmitida em apenas 7% pelas palavras, em 38 % pela voz e, em exatamente 55%, é propagada por meio da linguagem corporal (p. 11)
Também a dimensão "tempo" é parte de nosso território pessoal: se alguém nos faz perder tempo inutilmente, nos sentimos invadidos, porque entendemos que aquela pessoa está ocupando um espaço/tempo que não lhe pertence. (p. 13)
Os europeus têm um senso de espaço vital mais amplo em relação a outras populações. para eles é desagradável ser tocado quando estão em meio às pessoas, e, nas conversações, sempre mantém uma determinada distância. (p. 15)
Também a diferença de classe social pode gerar distinções. "Espaço significa poder"; assim, quanto mais espaço possuo em torno de mim, mais poderoso eu sou. (p. 16)
Hall pode ser considerado um dos primeiros estudiosos a descobrir que o espaço em torno do homem não é vazio, mas dividido em zonas precisas, ou bolhas, invisíveis e concêntricas, entre as quais o homem se move e nas quais faz os outros entrar, com uma precisa conexão: quanto mais a intimidade aumenta, mais diminui a superfície da zona ocupada. (p. 16)
A zona íntima se estende, aproximada mente, de 20 a 50 cm, distância que podemos alcançar com as mãos, tendo os cotovelos perto do corpo. É a distância que se mantém com as pessoas em quem se confia, os amigos mais caros, nossos familiares. (p. 17)
Qual é a relação entre duas pessoas que se aproximam para trocar um beijo? Se seus corpos permanecem relativamente longe e só as bochechas se aproximam, o beijo é formal, nada mais que uma saudação ou um cumprimento; em vez disso, quanto mais seus quadris se aproximam, tanto mais estreita é a sua ligação afetiva. (p. 19)
Também o perfume, efetivamente, pode ser usado como meio para invadir a zona alheia mesmo que, formalmente, nos mantenha a uma distância correta. (p. 19)
Para a mãe, pode ser o território da cozinha. Já se perguntou alguma vez o porquê de as sogras ou as avós, quando assumem a condição de hóspedes, acabarem gerando, em pouco tempo, descontentamento e desconforto?
Um dos motivos pode ser encontrado, também, no fato de que inevitavelmente essas senhoras, no desejo de se tornar úteis, mudam os objetos de seu lugar habitual e ocupam um espaço que, por uma regra tácita, pertence à dona da casa. (p. 34)
Quando nos inclinamos para uma pessoa ou objeto, na linguagem do corpo indicamos abertamente que nos pertencem, que são de nossa exclusiva propriedade ou, ainda, que temos orgulho deles. (p. 34)
No filme de Chaplin, O ditador, há uma sequência que leva ao paradoxo esse mecanismo. No barbeiro se encontram, sentados lado a lado, Hitler e Mussolini: com o rosto ensaboado e sem poder escapar das respectivas cadeirinhas, ele têm uma única possibilidade de tentar afirmar a sua recíproca superioridade, a saber, procurar elevar a cadeira sobre a qual se acham sentados. Assim, por sua vez, de modo muito humorístico, acionam a alavanca que faz levantar o assento, chegando por fim a tocar o teto. (p. 40)
Pelo modo como nos comportamos entrando numa sala que não é nossa se pode estabelecer, por conseguinte, o nosso grau de autoridade. Porque podemos:
- bater e esperar pacientemente para ser convidados a entrar, o que equivale a dizer "o chefe não sou eu e a minha autoridade é praticamente nula";
- não bater e entrar diretamente: autoridade máxima e também grande falta de sensibilidade e de tato. Com tal ação é como se, pela linguagem corporal, estivéssemos afirmando: "aqui comando eu; aqui tudo é meu, então entro onde e quando quero". Desse modo, além disso, quem está na sala é tratado como não pessoa, como simples executor de uma função específica, pouco mais que uma fotocopiadora. (p. 43)
Se os pais se sentam cada um numa cabeceira, isto indica que entre eles existe um conflito, talvez inconsciente, sobre quem deve usar as alças em casa: pode ser o caso da mãe que pede formalmente aos filhos para respeitar o pai "porque é ele quem comanda" mas, na realidade, é ela quem dirige, com o seu humos, o quotidiano. (p. 54)
Um desconhecido marca um encontro para falar conosco. Vemo-lo entrar pelo portão principal e perguntar como se faz para nos alcançar. Segue, enfim, ao longo do corredor, ao fundo do qual o estamos esperando. Nos poucos instantes que transcorrem entre o momento da sua chefada e aquele em que nos apertará a mão, podemos observá-lo atentamente e já captar muitas coisas: o seu caráter, as suas pretensões, o seu etilo de vida, o seu humor, e, por que não, se podemos ou não confiar nele. (p. 57)
Tudo o que foi dito até aqui pode ser considerado como uma brincadeira, porque a natureza humana é muito mais complexa e seria equivocado querer encaixar as pessoas em categorias demasiado definidas. Estes modelos tipológicos na realidade não existem, porque cada corpo, assim como cada rosto, é um conjunto de várias características. (p. 66)
Os cinco desenhos que se seguem ilustram as mesmas posições típicas estudadas por Lowen: tente imitá-las, procurando contrair os glúteos e retrair a bacia, ou curvar a cabeça ou os ombros. Ponha-se em contato com as suas sensações mais profundas; procure entender como se sente uma pessoa que habitualmente mantém aquela determinada postura. Para entendê-la, é necessário imitá-la, de modo a perceber como nos sentimos na sua pele; de modo a ater, assim, um alcance do significado daquele tipo de expressão corporal. E se, talvez, imitando uma pessoa de peito estufado e ombros erguidos, ao prender a respiração você experimenta um sentimento de medo, pode acontecer de ficar assombrado ao perceber que verbalmente ela se revela, em vez disso, corajosa e prepotente. Isto significa que aquela pessoa não está em contato com a expressão de medo transmitida inconscientemente pelo seu corpo e que, para compensar, se esforça para demonstrar o contrário. (p. 69)
Este controle teve origem na infância, quando se sentiu traída porque os pais recusavam o seu amor. Desde então, tornou-se encouraçada e aprendeu a não exprimir tão abertamente este amor, por medo de não ser apreciada. A frustração por essa impossibilidade de exprimi-lo gera uma profunda tristeza, que é sufocada pelo peito estufado. (p. 73)
A dimensão dos pés varia de pessoa para pessoa e, em geral, é proporcionada pela própria compleição do corpo. Pés maiores que o normal indicam que os órgãos da parte central do corpo, e representados nos pés pelos relativos meridianos, são mais saudáveis e ativos. (p. 82)
Procuremos entender um pouco mais porque também os sapatos podem revelar particularidades da vida de uma pessoa, sobretudo o estado de saúde, o caráter e a condição econômica. As solas dos sapatos estão geralmente ocultas, mas são exatamente as coisas mais escondidas aquelas mais reveladoras. Além disso, a vestimenta, isto é, o que nós escolhemos para nos cobrir, indica aquilo que queremos ser ou aparecer; os sapatos, ao invés disso, mostram como somos na realidade. (p. 83)
E então: quem tem os sapatos sempre bem limpos é uma pessoa que com o mesmo cuidado se ocupa de todos os detalhes de sua vida, prestando muita atenção nos particulares. (p. 83)
Quem usa habitualmente sapatos caros é, ou aparenta ser, uma pessoa abastada. (p. 84)
Se uma pessoa não se move, mas permanece firme com os pés em uma posição, também estável se encontra o seu ponto de vista. Se você deseja fazê-la aceitar a sua ideia e quer tentar dissuadi-la, deve conseguir que se desloque fisicamente. Dizemos metaforicamente "por que não experimenta ver as coisas sob um outro ponto de vista?" (88)
Os pés indicam sempre o sentido em direção ao qual nossa cabeça está voltada e em direção a qual rumo queremos andar. (p. 89)
Quando, numa negociação, um dos dois vira os pés em direção à porta, significa que para ele a discussão acabou, e deseja ir embora. As pontas dos pés, como reais e peculiares setas, indicam também o interesse que uma pessoa sente pela outra. (p. 89)
A maneira como apoiamos, mais ou menos pesadamente, o pé no solo, indica a nossa relação com a realidade. Então uma pessoa que se apoia somente nas pontas dos pés e caminha como que saltitando, leve, também fisicamente parece não ter muito desejo de estar em contato com a realidade. (p. 101)
Uma pessoa que está à vontade e sabe, ou presunçosamente acredita saber mais que os outros, pode assumir com frequência essa posição relaxada durante uma conversação.
Torne agora a sentar-se normalmente no centro da cadeira, não mais sobre a borda, e mantenha as costas retas e as pernas apoiadas no chão, mas não sobrepostas. Nesta posição, nos sentimos mais atentos e interessados em tudo o que possa ser dito e em tudo o que nos circunda. (p. 108)
Se não quer perder nem mesmo uma palavra do que está sendo dito, curva-se para a frente; se, ao contrário, quer manter distância, deixa as costas apoiadas no espaldar. Ocupa toda a cadeira para manifestar a sua intenção de estar ali completamente, ou se senta sobre a borda porque se sente "provisória",porque tem pouco tempo e quer ir embora rápido ou, talvez, porque aguarde que lhe mandem se levantar. (p. 109)
Imitar a mesma posição é, de fato, um sinal de aprovação, indica que se está de acordo e em sintonia com a pessoa que se copia. (p. 109)
Ao crescer, compreendemos que este sistema não é mais praticável; então aprendemos aos poucos a dissimular o nosso desejo de refúgio, antes de mais nada cruzando os braços.
Visto que este também é um gesto evidente, mais ou menos durante a adolescência o mascaramos e nos limitamos a cruzar as pernas para nos proteger. Com os braços cruzados, instintivamente se protege o coração; com as pernas cruzadas, ao contrário, defende-se os genitais. (p. 111)
O bloqueio pode ser acentuado se com uma ou ambas as mãos procura manter congelado o calcanhar, quase de modo a impedi-lo de desferir um pontapé. A pessoa assim sentada se apresenta, dessa forma, obstinada e irremovível. (p. 112)
Cruzar os calcanhares também sinaliza a existência de um comportamento negativo ou defensivo. (p. 113)
O homem que se senta com as pernas abertas, inconscientemente exibe os genitais, a sua virilidade. E esse gesto, como o é para os animais, indica desejo de domínio sobre os outros. (p. 114)
Quem se senta a cavalo, virando a cadeira e apoiando-se com os braços sobre o espaldar, quer parecer relaxado e amigável, e nessa posição se sente corajoso e, ao mesmo tempo, protegido. (p. 114)
Este movimento inconsciente, na realidade, é realizado quando somos tomados por uma sensação incômoda, e então é como se não quiséssemos mais ficar ali, a escutar. (p. 117)
Uma mulher que se senta com as pontas dos pés viradas para fora demonstra possuir um caráter bastante instintivo e espontâneo.
Muito ativa e dinâmica, pode até mesmo deixar de lado as boas maneiras para alcançar o seu objetivo. (p. 118)
Também quem dorme com os pés para fora da cama demonstra amar a liberdade e não suportar as obrigações, mas se trata talvez de uma pessoa demasiado impetuosa e desordenada, que mascara os seus complexos com uma grane carga de simpatia e vivacidade. (p. 123)
Pode-se, neste caso, procurar estabelecer uma escala de prioridades: em linhas gerais, devemos considerar mais verdadeiros os gestos executados pela parte do corpo mais longe de nossa cabeça, por exemplo, os pés e pernas. (p. 129)
Para resumir, portanto, esta poderia ser a sequência dos aspectos a serem examinados:
-contexto da situação;
- sinais automáticos da pele;
- gestualidade dos pés e das pernas;
- posições das costas, tronco e ombros;
- gestos dos braços e das mãos;
- expressões e mímicas do rosto;
- tom de voz;
- enfim, aquilo que a pessoa diz. (p. 130)
O gesto comum de entrelaçar os braços, também chamado braços cruzados, é executado com frequência quando se está sozinho entre estranhos, no caso de se querer fechar ou defender, quando não se está de acordo e se toma distância de quem nos fala. (p. 132)
Este movimento dos braços que descem do alto, com as palmas para baixo, revela, na verdade, uma mal-disfarçada tentativa de dominar quem está ouvindo ou um desejo de enganar. (p. 135)
Todas as roupas mantidas abotoadas são, portanto, barreiras disfarçadas que tendem, talvez sem que o saibamos, a manter os outros à distância: uma pessoa aberta abre também o casaco, descobre o peito; uma pessoa "abotoada" se tranca também nas suas roupas. E, depois, ainda temos os óculos de sol, ou os óculos de grau escuros usados fora do contexto normal de um dia ensolarado ao ar livre.
Extremamente insuperável como barreira é a maquiagem demasiado acentuada no rosto de uma mulher, que cria como que uma máscara. A máscara esconde, protege, assim como a barba esconde parcialmente o rosto de um homem e as suas inseguranças. (p. 138)
Quem aperta as mãos atrás das costas se sente relaxado e seguro de si e está consciente de sua autoridade. (p. 139)
Este é um claro gesto de frustração: a pessoa procura se controlar, como se em nível inconsciente procurasse se conter para não desferir um soco. (p. 139)
Se uma pessoa com a qual você está falando, a uma certa altura eleva os braços, como que para lhe dizer: "pobre coitado, eu já entendi tudo", tente imitá-la. (p. 141)
As mãos estão estreitamente ligadas ao cérebro: Aristóteles dizia que são uma ramificação.
Com as mãos realizamos aquilo que imaginamos com a mente. Por isso, cérebro e mãos são considerados complementares. (p. 143)
Alguns estudos recentes descobriram que o balanço não só acalma como também se revelou um ótimo substituto para muitos medicamentos contra as dores, porque a oscilação prolongada estimula o cérebro a produzir endorfinas, supressores naturais da dor. (p. 144)
Há pessoas que têm o desagradável hábito de tocar constantemente os outros, de colocar as mãos sobre eles, de os acariciar: isto indica que têm um forte desejo de estabelecer uma relação e de ser aceitas. (p. 145)
Todos os gestos com os quais tocamos a nós mesmos indicam uma necessidade de ternura e tranquilização, quase como se quiséssemos, por poucos instantes, retornar a uma situação de regressão infantil nos braços da mãe que nos acariciava e aconchegava. (p. 145)
Em geral, tocar os objetos, a gravata ou também as roupas de uma outra pessoa demonstra que dela se está invejando a condição social, a riqueza ou o trabalho mas, sobretudo, que se considera estar mais apto a desenvolver o seu trabalho ou a assumir o seu papel. (p. 146)
As unhas esbranquiçadas são, ao contrário, um sinal de anemia e doenças: quem está em boa saúde não apresenta unhas brancas. (p. 154)
Quem o realiza revela ser uma pessoa muito segura de si e desejosa de manifestar aos outros a sua superioridade e, se estiver falando, tende a efetuar este gesto com os dedos voltados para o alto. (p. 156)
Se a ponta da cunha está vidara para a frente, quase a imitar a proa de um navio quebra-gelo, este gesto de superioridade assume também um significado mais agressivo, porquanto a pessoa está inconscientemente tentando repelir ou ameaçar quem está de frente para ela. (p. 157)
Mãos em pistola.
Inconscientemente, é exatamente essa a imagem que se quer exprimir. (p. 158)
Recordemo-nos, contudo, de que, quando na presença dos outros fechamos os punhos, mandamos em nível não verbal um sinal agressivo que provoca no próximo uma reação inconsciente do mesmo tipo. (p. 159)
As mãos unidas com os dedos entrelaçados são sempre um sinal de fechamento e têm valor diferente quanto mais se afastam da cabeça e se voltam para baixo. (p. 159)
Desviar os olhos de quem fala, com um pretexto qualquer, é sinal de que se está mentindo (como veremos em seguida). Assim, quem executa esse gesto indica que não está de acordo, mas não pode dizê-lo abertamente. (p. 161)
O sentido de rejeição que se experimenta em relação a uma pessoa, ou em relação ao que ela está dizendo, se traduz num estímulo em nível corporal que leva à necessidade de eliminar também fisicamente da nossa vista aquela pessoa. Se isto não é possível, esse impulso de remoção é desviado em relação ao objeto mais próximo de nós. (p. 162)
Um aperto de mão sólido e firme pertence a uma pessoa igualmente sólida e ativa. (p. 164)
O polegar é o dedo mais forte, do ponto de vista físico, visto que, opondo-se aos outros, permite segurar. É o símbolo do ego: ostentá-lo significa afirmar o próprio domínio sobre os outros, a própria superioridade. (p. 170)
Se, ostentando-se os polegares, tenta-se chamar a atenção para si, ao escondê-los entre os outros dedos afirma-se exatamente o contrário, ou seja, a necessidade de não ser observado. (p. 171)
Quem evidencia ou esfrega o dedo médio tem necessidade de ser reconhecido e apreciado e, se ninguém o fizer, é provável que dali a pouco comece a se autoincensar e a falar sobre os seus êxitos. (p. 174)
Quando uma pessoa está muito tensa e precisa ser tranquilizada, coloca os dedos na boca. Desde criança nos acalmávamos pegando a chupeta ou o seio materno. Depois de adultos, repetimos este mesmo gesto levando à boca um dedo, a extremidade da caneta que temos à mão, a haste dos óculos, um cigarro, ou mordiscamos as unhas ou as pelinhas que as circundam. (p. 175)
Não necessariamente quem realiza um desses gestos, que agora veremos detalhadamente, está mentindo; com a palavra mentir, tenciono também dizer que a pessoa possa ter dúvida, ou não estar segura daquilo que está dizendo, ou talvez esteja apenas exagerando ou escondendo a realidade. (p. 178)
O cérebro ordena à mão para bloquear a saída das palavras que não correspondem àquilo que se está pensando; a mão, então, se apoia nos lábios, os roça, talvez apenas com um dedo, ou esfrega o queixo ou, ainda, fechada, se coloca por um instante diante da boca, com o pretexto de encobrir um súbito golpe de tosse. (p. 179)
A análise comparada de tudo o que foi filmado levou às seguintes conclusões, quando as moças mentiam:
- seus gestos resultavam notavelmente abrandados, como se inconscientemente elas soubessem que a sua gestualidade teria podido traí-las e tentassem suprimi-la; em vez disso, tornava-se frequente o gesto de sacudir das mãos um invisível incômodo;
- aproximavam as mãos do rosto ou o tocavam com uma frequência maior que o normal;
- pareciam como que "sentadas em espinhos"; se estavam sentadas, realizavam pequenos deslocamentos irrequietos sobre a cadeira;
- as expressões e a mínima do seu rosto era idêntica à de quando diziam a verdade, mas surgiam pequenas e rápidas contrações dos músculos faciais, de microssinais quase imperceptíveis a olho nu. (p. 183)
Quem quer parecer frio, autoritário, técnico e profissional, escolherá uma armação pequena e metálica. (p. 188)
Esteja atento, contudo, para a possibilidade de ele empurrá-los demasiadamente contra os olhos: este gesto significa que ele quer ver melhor, porque o que você está lhe dizendo não o convence, e ele não deseja ser interrompido. (p. 190)
Quem fuma soprando para o alto é seguro de si e bem-humorado; provavelmente teve uma boa ideia ou está bem disposto em relação aos outros.
Quem sopra o fumo para baixo lembra um touro enfurecido: está raivoso, nervoso; melhor deixá-lo sozinho naquele momento. (p. 191)
Quem fuma cachimbo tem uma alta opinião sobre si mesmo e considera importante que saibam disso. (p. 192)
Em todo caso, quem morde um cigarro é agressivo e, sob pressão, poderia morder você também. (p. 194)
Quem mantém a cabeça ereta conserva também a máxima atenção: está presente, consciente de si mesmo e participa ativamente. (p. 198)
Quem inclina a cabeça para a frente indica que nutre hostilidade e que o seu estado de ânimo é negativo e crítico; é provável que este gesto se faça acompanhar de pernas e braços cruzados. (p. 198)
Deste modo, uma pessoa que nos ouve, inclinado ligeiramente a cabeça para o lado, revela que está a nos escutar com muita atenção, admiração e também confiança, porque naquela posição expõe o seu pescoço descoberto. (p. 199)
Se você é do sexo oposto, talvez seja a causa do desconforto dela. Este gesto revela, de fato, a vontade desta pessoa de lhe dar um beijo, de estender os seus lábios até você. E este impulso da alma pode criar problemas para ela, se não consegue exprimi-lo em palavras e tampouco agir. (p. 202)
Uma pessoa que passa a língua sobre o lábio superior demonstra apreciar o que lhe está sendo dito, porque o assunto a atrai e estimula associações mentais prazerosas. (p. 203)
Com o olhar se pode agredir, investir e fulminar alguém, mas pode-se também acariciar a pessoa amada. Pode-se influenciar um público que nos escuta ou aborrecê-lo, se o nosso olhar é morto ou ausente. (p. 210)
E então vemos olhos opacos que dão a sensação de que dentro deles não vive ninguém, ou olhos distantes, como se a pessoa tivesse ido para outro lugar. (p. 210)
À parte a óbvia influência da luz, com a sua maior ou menor intensidade, faz estreitar ou alargar as pupilas, pode-se dizer que elas se dilatam quando se vê alguma coisa muito agradável e se está mergulhado num estado de excitação, mas também o uso de certas drogas provoca este fenômeno. (p. 211)
Um outro modo de neutralizar os olhares invasores é o de fechar os olhos por alguns instantes. Fechar os olhos diante de uma pessoa que está a nos olhar é considerado um dos gestos mais ofensivos que podemos fazer, porque significa que, inconscientemente, se deseja eliminar da vista aquela pessoa, porque não nos interessa ou nos aborrece. (p. 215)
Isto porque o stress e as emoções negativas, como tristeza, raiva e medo, danificam os rins e, para a medicina oriental, todos os pelos que recobrem o nosso corpo, cabelos incluídos, estão associados às funções renais. (p. 220)
A caspa - Pequenas lasquinhas de caspa sobre o casaco do seu interlocutor sinalizam a você que ele sobre de distúrbios renais e intestinais e que, psicologicamente, é uma pessoa mutável e indecisa, facilmente excitável e com tendência a ser um tanto irascível. (p. 221)
Queda dos cabelos - Desde sempre para a medicina oriental, a queda de cabelos se deve a um excessivo consumo de líquidos e de sal. (p. 221)
Quem quer se mostrar muito viril e dominador ostenta um denso bigode para evidenciar este seu préstimo. (p. 223)
Pela fisiognomonia, a zona que compreende o espaço entre a ponta do nariz e o lábio superior é aquela que revela o modo de enxergar a si mesmo e o mundo que o circunda. (p. 223)
O psicólogo americano Willian James escreveu que um homem possui tantos Eu quantas forem as pessoas com cuja opinião ele se preocupa, e também Pirandello retomou esta ideia em diversos trabalhos. (p. 227)
Quando se encontra alguém, há um instante brevíssimo de "verdade": é o momento que precede o ato de usar uma máscara e assumir um papel, antes de se apertar a mão e saudar. Neste átimo, os dois rostos estão nus e se mostram como realmente são. Logo depois, pelo modo como lhe terá apertado a mão e pelas primeiras frases pronunciadas, você terá formado uma opinião sobre o outro. Você o terá julgado simpático ou antipático, arrogante ou frívolo; mas atenção: está é a segunda impressão. (p. 228)
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